Catorze bandeiras, modelos para todos os gostos e preços que ainda cabem no bolso do brasileiro em cenário de desaparecimento dos carros de entrada na indústria nacional. A Stellantis prova a cada mês que a unificação dos grupos FSA (Fiat-Chrysler, Dodge, Jeep) e PCA (Peugeot, Citroën e DS), em janeiro do ano passado, deve ser celebrada. Principalmente no Brasil. Além de a Fiat, uma de suas representantes, ter assumido a liderança do mercado nacional em 2021, posto ocupado desde 2015 pela General Motors, o grupo viu a bandeira italiana ampliar a vantagem em agosto deste ano, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automores.

A Fiat teve emplacadas 44,2 mil unidades, 22,7% de market share e crescimento de 1,7 ponto porcentual em relação a julho. No acumulado do ano, a montadora ampliou a liderança de mercado, com 21,9% de participação e 267 mil exemplares emplacados, o que corresponde a mais de 92 mil veículos à frente da segunda colocada, a GM, que tem 14,36% de share nos oito primeiros meses de 2022. Decisiva na acelerada da Fiat foi a Nova Strada. O modelo atingiu a maior participação de mercado desde que sua nova geração foi lançada, em junho de 2020, com 7,3% (14.157 unidades). e manteve a liderança nacional no ano com 76,1 mil emplacamentos.

Ainda em agosto, a bandeira italiana também foi líder no segmento de hatches (24,2%), picapes (55,5%) e vans (30,6%). A receita, de acordo com Herlander Zola, vice-presidente sênior da Fiat na América do Sul, está no portfólio renovado, numa rede de concessionárias capacitada e em moderna gama de produtos de mercado, que será complementada com o lançamento do Fastback na quarta-feira (14). “Depois de reinventar segmentos como o de picapes, vans e hatches, estreamos no de SUVs Coupé e vamos aumentar ainda mais nossa participação de mercado”, afirmou o executivo. A marca ainda possui outros motivos para comemorar. Além de ter a Strada como líder de vendas, a Fiat fechou o mês com mais dois modelos no ranking dos mais vendidos: o Mobi, em sexto lugar (7,6 mil unidades) e o Argo, em oitavo (7,5 mil).

Leo Lara

“A Stellantis está investindo 30 bilhões de euros até 2025 para desenvolver software e transformação de eletrificação” Antonio Filosa Presidente da Stellantis América do sul.

TECH CAR A Stellantis tem investido pesado em desenvolvimento de produtos e serviços com ênfase em eficiência energética, redução de emissões, eletrificação, carros tecnológicos e conectados. Antonio Filosa, presidente do conglomerado para a América do Sul, disse que a empresa “está investindo mais 30 bilhões de euros até 2025 para desenvolver software e transformação de eletrificação”. Basta uma visita pela planta da montadora em Betim (MG) para perceber o quanto a tecnologia está integrada aos processos diários. Destaque para o Virtual Center, que integra inovações do mundo digital à engenharia, dividido em três áreas: sala de realidade virtual, sala integrada e oficina.

Na sala de realidade virtual, por exemplo, há a possibilidade de, com auxílio de óculos 3D, captar imagens do veículo como um todo. E, com o uso de joysticks, realizar interações. Na sala integrada, as interações são feitas em um cockpit adaptável, com realidade virtual em 4D. Com o uso de óculos de realidade virtual imersivo, a sensação é de estar num carro. E na oficina, após a validação digital, tem início a construção de modelos físicos dos componentes internos e externos do veículo, como farol.

A proposta da Stellantis para se tornar uma tech car envolve ainda a redução de emissões desde a produção. Somente o uso de chips e softwares nos veículos possibilita a eliminação de 25 quilos de cabos, por exemplo. De olho na descarbonização, a meta é diminuir em 50% a pegada de carbono até 2030 e atingir 100% até 2038. E a estratégia inclui a ampliação do portfólio de veículos eletrificados. João Irineu, diretor de Compliance de Produto para a América do Sul, disse que a empresa planeja expandir o mix de vendas do segmento “para 100% na Europa até 2030, para 50% nos Estados Unidos e 20% na América do Sul”. Acelerada, elétrica e tecnológica. Uma trinca que tem dado resultado.