O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de novembro deve voltar a acelerar em novembro após diminuir o ritmo de alta em outubro, para 0,20%, de 0,47%, conforme avalia o superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.

Quadros explica que o alívio sentido em outubro foi provocado por poucos itens com forte peso no índice, como o minério de ferro e os combustíveis no atacado. Mas esses itens devem ter certa acomodação em novembro, completa ele. Neste mês, o minério de ferro recuou 8,28%, de alta de 7,28% em setembro, enquanto a gasolina nas refinarias caiu 0,80% ante aumento de 7,09% no mês passado. Já o óleo diesel continuou positivo, mas com taxa bem menor (8,25% para 2,38%).

“Em vez de ter queda, minério de ferro e combustíveis vão ficar mais neutros. Além disso, o aumento dos alimentos no atacado deve continuar, embora talvez em menor intensidade, e se transmitir para o varejo lentamente”, reforça Quadros.

Tanto no atacado quanto no varejo Alimentação foi um destaque no IGP-M de outubro. No Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o índice relativo à agropecuária subiu 0,76% depois de queda de 0,04%. Além disso, cita Quadros, um subgrupo que conjuga os alimentos in natura com os alimentos processados no IPA teve elevação de 0,42%, depois de -1,48%.

Da mesma forma, diz, as matérias-primas agropecuárias avançaram de 0,46% para 0,85%. “O impacto não é imediato, mas esse resultado sinaliza que o aumento da Alimentação no IPC Índice de Preços ao Consumidor deve ter fôlego”, reforça. O IPA subiu 0,16%, mas desacelerou do nível de setembro (0,74%). No IPC, Alimentação mostrou expansão de 0,18% depois de queda de 0,82%. E o índice do varejo registrou alta de 0,28%, de recuo de 0,09%.

Outro fator que deve contribuir para aceleração do IPC e do IGP-M em novembro é a conta de luz. O grupo Habitação mostrou aumento de 0,31% (ante -0,24%), mas deve continuar subindo, porque a bandeira vermelha, que já está vigorando esse mês e vai continuar em novembro, teve elevação do custo, de R$ 3,50 a cada 100 kWh para R$ 5,00.

12 meses

Apesar dos aumentos esperados na margem, o IGP-M deve fechar negativo este ano pela primeira vez desde 2009 (-1,72%). Até outubro, o indicador acumula no ano -1,91% e, em 12 meses, -1,41%.

“Teria que subir quase 1% nos dois meses que faltam do ano para sair do terreno negativo. E não é nada disso que está se desenhando. O acumulado em 12 meses deve ficar em deflação até fevereiro ou março”, diz, ressaltando que a deflação no ano é favorável devido à menor retroalimentação para a inflação de 2018.