O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) deve continuar no terreno positivo em outubro após subir 0,47% em setembro, afirma o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), responsável pelo índice. A taxa foi de 0,10% em agosto.

Braz, contudo, não se arrisca a dizer que o indicador vai superar a taxa de setembro, apesar da pressão esperada no varejo e nos itens agrícolas no atacado, porque há chance de os combustíveis desacelerarem no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA). Isso deve acontecer se os furacões no Caribe não voltarem a prejudicar a produção norte-americana de petróleo. Dessa forma, os produtos industriais, com maior peso no índice, podem desacelerar o aumento de 1% alcançado este mês. Em agosto, a taxa fora de 0,48%.

O economista ainda ressalta que, mesmo com o avanço esperado no curto prazo, muito provavelmente o IGP-M vai terminar o ano em queda, já que acumula deflação de 2,10% em 2017 e de 1,45% em 12 meses. Ele estima que o recuo deve ser da ordem de 0,5%, mas o relatório Focus já prevê declínio de 0,84%.

De qualquer forma, Braz afirma que a queda esperada para taxa fechada do ano deve ser mais um fator a contribuir para que a recuperação econômica não seja acompanhada de pressão inflacionária, pelo menos até o fim do ano que vem. “A indexação de contratos, como o aluguel, será menor. Além disso, o IGP-M é um dos índices considerados no momento do reajuste de tarifas públicas, diz Braz.

Outra razão citada pelo economista em sua estimativa de ausência de pressão inflacionária no ano que vem é a expectativa de clima favorável, que deve permitir que os preços de alimentos sigam comportados no ano que vem. “Os fenômenos climáticos, como o El Niño e La Niña, devem ser mais amenos em 2018”, explica, completando que, portanto, o País deve ter nova safra boa, permitindo taxas baixas para Alimentação, embora não mais negativa.

Braz prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve fechar perto de 4% em 2018. Este ano, a inflação oficial deve ficar menor de 3%, segundo ele, com a principal influência da queda intensa dos preços de produtos alimentícios.