A estabilidade da confiança da indústria em janeiro ante dezembro (99,4 pontos) demonstra que o setor está avançando, mas não de forma robusta e sustentável e permeada por bastante incerteza, diz a coordenadora da Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas, Tabi Thuler Santos. Ela lembra que a indefinição eleitoral e quanto à aprovação das reformas deve gerar instabilidade na confiança durante todo o ano de 2018.

Assim, conclui Tabi, é difícil apostar em retomada dos investimentos em ampliação da capacidade instalada do setor, ainda mais com a ociosidade elevada. “Os empresários tendem a esperar por uma definição para investir.” O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) também ficou estável em janeiro, em 74,7%.

Tabi ainda lembra que essa forma de recuperação está alinhada com a economia como um todo e também com a demanda que ainda reage de forma lenta e gradual. “Não tem retomada consistente. A economia está saindo da recessão, mas não há ainda crescimento com investimentos, confiança elevada, baixa incerteza e com o aumento da renda disponível”, avalia.

Em janeiro, a queda de 2,4 pontos, para 98 pontos, do Índice de Expectativas (IE) impediu o avanço da confiança, já que o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,4 pontos. A principal influência para queda do IE foi a perspectiva de evolução do total de pessoal ocupado nos três meses seguintes. Mas Tabi considera provável que esse indicador volte a subir em fevereiro, ajudando a confiança a ultrapassar a barreira do pessimismo (100 pontos). “Podemos interpretar o recuo no indicador de emprego como pontual, mais demonstrando incerteza do que preocupação permanente.”

Além disso, ela destaca que “há muitas informações positivas na pesquisa”. A pesquisadora destaca que o modesto avanço que o setor vem mostrando ainda está sendo orientado pelo mercado externo, mas que a sondagem mostra que a demanda interna está melhorando, só que bem vagarosamente. Segundo Tabi, o indicador de demanda externa atual e a perspectiva para o curto prazo estão em ótimo nível, em 114 pontos e 109 pontos, respectivamente. Já o indicador de demanda interna está em 94,7 pontos.

Outra boa notícia é a redução da parcela de empresas que relata nível de estoques excessivo, que atingiu 8% com ajuste sazonal em janeiro, o menor porcentual desde abril de 2013 (7,7%) e menor que a média histórica de janeiro de 2001 a janeiro de 2018 (11,8%). “Esse é um bom indicativo de que a indústria está pronta para produzir.”