A falta de uma perspectiva realista sobre o final da guerra entre Rússia e Ucrânia, que acaba de completar três meses, mantém a preocupação quanto ao fornecimento de fertilizantes para o agronegócio brasileiro e mundial. Tanto que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, tem continuado as conversas iniciadas por sua antecessora Tereza Cristina com países árabes. Como a Jordânia, que Montes visitou neste mês e voltou de lá com a promessa da empresa Arab Potash Company de aumentar a exportação de potássio – um dos três principais elementos dos adubos, juntamente com nitrogênio e fósforo – para o Brasil. Seriam 500 mil toneladas já no ano que vem, podendo chegar a um total de 1,2 milhão de toneladas em cinco anos.

Por aqui, empresas do setor de mineração que já investiam na ampliação do abastecimento de potássio apertaram o passo. É o caso da Verde Agritech, que tem uma mina na cidade de São Gotardo (MG) e operação também na vizinha Matutina. Em 2021, a companhia produziu mais de 400 mil toneladas de insumos à base de potássio sem cloro. E até o último trimestre deste ano pode chegar a 2,4 milhões de toneladas.

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Para aumentar em seis vezes a operação de 2021, a empresa está investindo R$ 73 milhões na construção de uma nova unidade, que estará pronta no segundo semestre. A expectativa vai além, pois o plano da Verde Agritech é se tornar a maior produtora nacional de potássio. Segundo o fundador e CEO da empresa, Cristiano Veloso, até 2023 começam as obras de uma terceira fábrica, com capacidade ainda maior. “Estamos definindo em qual Estado será implementada, mas com certeza se tornará independente da importação de potássio”, afirmou o executivo. A estimativa suprir 16% da demanda brasileira do mineral quando as três unidades estiverem em operação.

Fundada em 2005, na Inglaterra, a Verde Agritech tem capital aberto na Bolsa de Toronto desde 2007 e, em breve, deve entrar também na Bolsa de Nova York para ganhar mais visibilidade, segundo o CEO da empresa. Enquanto isso, a projeção acontece por fatores como o desenvolvimento tecnológico, a confiança dos clientes (são mais de 2 mil agricultores com mais de 500 mil hectares) e o aval de especialistas como o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, que é membro do conselho diretor da companhia.