O candidato kirchnerista a presidência da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que o país pode dar um novo calote no Fundo Monetário Internacional (FMI) e que tentará renegociar a dívida de US$ 57 bilhões, caso seja eleito. Em um texto publicado no jornal Clarín neste fim de semana, Fernández também disse que os termos do contrato são prejudiciais ao país.

“Eu diria que há apenas uma realidade incontroversa e que a Argentina nessas condições não é capaz de pagar as dívidas que assumiu”, disse ele.

O custo de garantia contra a exposição à dívida soberana (CDS, na siga em inglês) subiram 319 pontos nesta segunda (19), de acordo com o IHS Markit, para 2.669 pontos básicos. Os analistas da consultoria de pesquisa estimam que há 77% de probabilidade de um default soberano dentro dos próximos cinco anos, publicou a Reuters.

O banco concordou em emprestar US$ 57 bilhões para a Argentina – o maior aporte da sua história -, no ano passado após o presidente Mauricio Macri se comprometer a adorar uma série de medidas de austeridades para controlar os gastos públicos. Para o candidato da esquerda, os termos criam uma posição de submissão do país ao FMI.

Caso se concretize, este será segundo calote argentino ao banco internacional. Em 2003, o então presidente Néstor Kirchner se negou a quitar um empréstimo de US$ 2,9 bilhões após discordar dos termos de pagamento.

A frágil economia argentina ficou ainda mais deteriorada depois que um pleito preliminar apontou a vitória de Fernandez, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, com ampla vantagem sobre Macri. O peso encerrou a última semana com desvalorização de 17,5% ante o dólar em um mercado em queda e temeroso quanto ao futuro do governo.

Nesta segunda-feira o governo anunciou Hernan Lacunza como novo ministro da Fazenda, no lugar de Nicolas Dujovne. O antigo titular da pasta foi um dos principais responsáveis pelo acordo com o FMI.