Como está o mercado de fundos imobiliários?
As cotas dos fundos estão bastante descontadas. Temos um nível de desconto da ordem de 20% entre as cotas dos fundos e o valor patrimonial dos investimentos. E, à medida que a economia se recupera, veremos uma reavaliação dos empreendimentos, o que vai tornar esse desconto ainda maior.

Qual o impacto da pandemia?
Foi um momento peculiar para os fundos de tijolo. Sua rentabilidade é muito ligada à taxa de juros. Quando a Selic cai, o retorno sobe. Porém, durante a pandemia, apesar da baixa dos juros, os fundos de tijolo, especialmente escritórios, sofreram muito pela questão do home office e das medidas de restrição.

A demanda está se recuperando?
Sim, os fundamentos do setor estão bons. A vacância para escritórios de alto padrão está caindo, especialmente em São Paulo. Na região da Faria Lima a vacância é praticamente zero. E houve aquisições de escritórios por R$ 40 mil o metro quadrado. Esperávamos que essas transações voltassem, mas não tão cedo. Essas transações estão ocorrendo em regiões mais maduras, onde há demanda por espaço e restrição à oferta.

Isso é um movimento pontual?
O mercado ainda está digerindo o home office. Esse movimento está refluindo. As empresas perceberam que isso afeta o desempenho, especialmente na construção de uma cultura. Estamos vendo uma reformulação do formato do escritório. O adensamento vai acabar. A tendência é menos pessoas e mais espaço. A concentração de pessoas no Brasil é o dobro do que vemos nos Estados Unidos, e o setor está se ajustando a isso. Mas a recuperação dos preços ainda é um movimento de longo prazo.

Isso vale para todos os fundos?
Principalmente para os fundos de tijolo, que investem diretamente em ativos imobiliários. No caso dos fundos de papel, que investem principalmente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), esses títulos repassam os movimentos de alta de juros e de inflação, o que manterá os bons resultados. Esperamos que o rendimento médio desse segmento siga superando o índice IPCA+ em 3 pontos porcentuais por ano.

NOTAS

EMPRESAS CAPTAM R$ 44,6 BILHÕES EM MAIO

As companhias abertas brasileiras captaram R$ 44,6 bilhões em maio, um aumento de 39,7% ante abril. No ano, o total emitido alcançou R$ 182,9 bilhões, uma redução de 12,8% em comparação com os R$ 209,8 bilhões registrados no mesmo período de 2021. O título mais popular foram as debêntures, que movimentaram R$ 32,7 bilhões. O mês registrou também a primeira emissão de debêntures tokenizadas, uma captação de R$ 74 milhões realizada pela Salinas Administração e Participações, segundo a Anbima.

B3 LANÇA BDR DE RENDA FIXA AMERICANA

A B3 e a gestora de recursos americana BlackRock lançaram, na segunda-feira (6), oito Brazilian Depositary Receipts (BDR) de fundos de índice americanos focados na renda fixa. Esses Exchange Traded Funds (ETF) são compostos por dívida pública e privada dos Estados Unidos. Também foram lançados cinco BDR dedicados a ETFs de renda variável. Os produtos, antes disponíveis apenas a investidores qualificados, com patrimônio acima de R$ 1 milhão, agora estão sendo colocados à disposição para o varejo.

CRÉDITO COM LASTRO DOS FUNDOS DE PENSÃO

A plataforma BeeCap lançou uma empresa dedicada a facilitar a concessão de empréstimos lastreados nas aplicações em fundos de previdência privada. Denominada uFund, a startup visa facilitar o acesso ao crédito para 4 milhões de participantes dos fundos de pensão fechados. No total, essas fundações têm cerca de R$ 1 trilhão em patrimônio. Pelas regras do setor,
isso poderia representar empréstimos de R$ 150 bilhões. No entanto, segundo a BeeCap, o total emprestado é de apenas R$ 21 bilhões.

EM ALTA
390 mil 

Novos empregos, fora do setor agrícola, foram criados nos Estados Unidos em maio, segundo dados divulgados no dia 3 de junho pelo Departamento do Trabalho. Com as novas vagas, a taxa de desemprego norte-americana ficou estável em 3,6%. No entanto, a criação de novos postos em maio superou as expectativas do mercado, que previa algo em torno de 325 mil. A criação de vagas não-agrícolas (“non-farm payroll”) é um dos principais indicadores da economia nos Estados Unidos.

EM BAIXA
77,4% 

É o porcentual de famílias endividadas, aquelas que têm contas em atraso ou não. O índice ficou abaixo dos 77,7% de abril, interrompendo três meses de altas. Mesmo com a queda, a taxa ainda é superior à de maio de 2021 (68%). No total, 28,7% estavam inadimplentes em maio. Em abril, a inadimplência havia ficado em 28,6%. Em maio de 2021, o porcentual era de 24,3%. Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (CNC).