O Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) realizará sua reunião de política monetária nestas terça e quarta-feiras, depois de baixar as taxas para quase zero e lançar várias iniciativas para apoiar a economia em tempos de pandemia.

Mas as especulações habituais sobre o aumento, ou a queda, das taxas de juros são deixadas de lado desta vez: as taxas de referência do Fed estão próximas de zero e não serão alteradas em um futuro breve, enquanto a agência faz tudo a seu alcance para evitar cair em terrenos negativos.

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“Isso vai durar vários anos”, acredita Michael Feroli, economista-chefe da JP Morgan, para quem a reunião virtual do Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) pode não trazer novidades.

Assim, o mercado estará mais atento às perspectivas do organismo sobre a economia dos Estados Unidos, atingida, como todo planeta, pela crise do novo coronavírus.

“As coisas se deterioraram rapidamente”, e “as perspectivas de um renascimento são incertas”, disse à AFP a economista-chefe da Grant Thornton, Diane Swonk.

“Há uma maior degradação das previsões econômicas”, apontou.

“Acho que dirão: ‘A economia está se degradando a uma velocidade louca, e as perspectivas são muito incertas”, resumiu Feroli.

Para esse especialista, os membros do FOMC podem não se aventurar “a assumir uma posição firme sobre as perspectivas econômicas, parcialmente condicionadas por elementos da saúde pública além de seu controle”.

A última reunião do FOMC ocorreu em meados de março, um domingo, ante o avanço do vírus e de seus efeitos econômicos.

Desde então, mais de 26 milhões de pessoas solicitaram seguro-desemprego nos Estados Unidos, onde mais de 50.000 pessoas perderam a vida por esse vírus.

Em dois meses, o Fed lançou uma avalanche de medidas tradicionais e inovadoras para tentar tranquilizar os mercados e fornecer oxigênio às empresas e famílias.

“Acredito que dirão que tomaram uma ampla variedade de medidas e estão prontos para tomar todas as medidas necessárias pelo tempo necessário, isto é, até que a economia se endireite”, resumiu o economista Joel Naroff.

Depois de injetar bilhões de dólares em liquidez no mercado e de retomar as compras maciças de títulos, a instituição se encarregou de conceder empréstimos bancários a pequenas e médias empresas (PMEs). E até criou seu próprio programa de apoio às PME e comunidades locais.

“Há muitas perguntas sobre os vários programas anunciados pelo Fed, alguns dos quais ainda não foram iniciados, como a compra de títulos dos governos locais”, disse David Wessel, especialista em política monetária da Brookings Institution.

O Fed baixou suas taxas de referência duas vezes em duas semanas no início de março, passando de 1,50%-1,75% para 0%-0,25%.

O PIB dos Estados Unidos pode cair 5,9% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional.