Entre o aumento dos preços e as ameaças da variante Delta, o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) deve emitir uma mensagem de cautela nesta quarta-feira (28) e, talvez, dar alguns indícios sobre a redução de seu apoio à economia.

A reunião, que começou na terça-feira (27) pela manhã, finalizará ao meio-dia de hoje, seguida pela emissão de um comunicado de imprensa às 14h locais (15h no horário de Brasília) e de uma coletiva de imprensa de seu presidente, Jerome Powell, às 14h30 (15h30 em Brasília).

O Fed deve manter sua taxa básica na faixa de 0% a 0,25%, na qual está desde março de 2020. Os membros do Comitê Monetário não antecipam qualquer aumento até 2023.

Também se espera que as compras de ativos, que permitiram que os mercados continuassem funcionando apesar da crise, mantenham-se em seu nível atual de US$ 120 bilhões por mês.

O Fed disse, porém, que vai anunciar um calendário de redução de seu apoio monetário. Alguns analistas esperam esse anúncio para o final de agosto, na conferência de bancos centrais do mundo em Jackson Hole (Wyoming), ou para o final de setembro, na próxima reunião do Fed.

O Banco Central dos EUA também deve elogiar a “melhora na economia observada desde (sua) última reunião em meados de junho”, disse Diane Swonk, economista do Grant Thornton.

Infelizmente, porém, acrescentou a economista, Jerome Powell “terá que reconhecer os riscos que estão começando a surgir com a propagação da variante Delta”.

“A pergunta é como este ressurgimento afetará o retorno ao trabalho e se vai frear parte da demanda de serviços”, completou.

A outra ameaça para a economia é a inflação, que foi “mais alta” do que o estimado pelo Fed em sua última reunião em meados de junho. Powell deve permanecer “confiante” de que este aumento “será temporário”, segundo Swonk.

O aumento dos preços nos Estados Unidos está em seu ritmo mais rápido em 13 anos: +3,9% em um ano em maio, para o índice PCE, monitorado pelo Fed; e +5,4% em junho, para o índice IPC. Os dados de junho do PCE serão publicados nesta quinta-feira.

Powell antecipa uma estabilização a médio prazo em torno de 2%, a meta do Fed.