A crise dos últimos anos no mercado de tecnologia abalou as receitas dos fabricantes de computadores em todo o mundo. O único nicho dessa indústria que resistiu ao mau tempo e mostrou sinais de aquecimento nas vendas foram os computadores portáteis. Os laptops deixaram de ser brinquedo exclusivo de empresários ou de fanáticos por tecnologia e passaram a atrair cada vez mais consumidores corporativos e residenciais. Eles agora substituem os computadores dentro das empresas e anunciam o fim dos PCs de mesa. No Japão, os notebooks são a maioria dos aparelhos vendidos no país e tudo indica que a tendência é global. Em companhias como a Apple ou a Hewlett-Packard, só se encontram esse tipo de equipamento em cima das mesas dos escritórios. Segundo a mais recente pesquisa da consultoria International Data Corporation (IDC), os aparelhos portáteis totalizarão 35% da vendas de computadores pessoais nos Estados Unidos este ano.

Tal mudança deve-se às inovações tecnológicas criadas para os laptops e, em especial, porque o seu preço foi reduzido drasticamente nos últimos anos. O banco de investimentos Merrill Lynch fez um estudo onde aponta que até o final de 2004, comprar um desses produtos ficará 8,5% mais barato do que uma compra feita no ano anterior, ficando abaixo dos US$ 1,4 mil. A nova legião de adeptos busca muito mais do que a mobilidade da máquina. Atrativos como o acesso rápido e sem fio à internet através das redes wi-fi, telas planas de cristal líquido, baterias de longa duração e partes removíveis do computador são o motor de venda desses produtos. Atentas aos desejos mais variados dos usuários de PCs, as fabricantes passaram a inovar não só no design para levar o melhor laptop a gregos e troianos. Há modelos especiais para os jogadores de computadores, os gamers. Esses notebooks perdem em peso e tamanho mas ganham em resolução de imagem na tela e na rapidez no processamento dos dados. Para os usuários nômades, já se pode encontrar aparelhos cuja bateria é de longa duração e com acesso sem fio à internet. E até os desajeitados ganharam um laptop desenvolvido especialmente para eles. A IBM acaba de lançar no mercado americano um modelo com air bag de proteção.

Brasil. No mercado nacional, o alto custo de um laptop prejudica a adoção em larga escala desses produtos. O preço médio fica em torno de R$ 4,5 mil enquanto um computador sai por menos de R$ 2 mil. Além disso, fatores de risco, como a falta de segurança das informações em um computador portátil e o alto índice de roubo desses produtos no País, assustam potenciais compradores. Estimativas de fabricantes contabilizam que a venda desses produtos não representa mais do que 8% do total de computadores. Para Ivair Rodrigues, gerente de pesquisas de TI da IDC Brasil, ainda demorará outros três anos que o mesmo fenômeno desembarque em terras locais. Enquanto isso, empresas como a Itautec apostam sua força de vendas e seu time de marketing nos computadores. “Se considerarmos a exclusão digital no País, há um mercado grande a ser explorado”, afirma Gilberto Oliveira, diretor da área de micro-computadores e portáteis da Itautec. Mas não tem como negar que os laptops são a evolução dos computadores pessoais e chegaram para ficar.