Há várias maneiras de se readaptar num momento de crise aguda como o vivido pelo mundo desde o ano passado. Mas não importa qual a estratágia escolhida, um fator será inegociável: a velocidade. Foi o lema adotado pela rede de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e serviços Fast Shop. Eduardo Salem, diretor geral e responsável pelas operações da empresa no Brasil, acredita que exista um novo comportamento no consumidor. O senso de urgência. Para Salem, o crescimento do uso de delivery de comida levou ao novo hábito, e isso refletiu em todo o varejo. “Hoje, 70% das entregas são realizadas em até 24 horas”, afirmou. “E o objetivo é reduzir esse prazo.” Para isso, em março deste ano, a companhia ampliou em 35% a capacidade de armazenamento do centro de distribuição (CD) localizado em São Paulo, o principal dos 11 CDs da empresa. Com a integração, a expectativa é transformar cada loja em um mini-hub de distribuição. Em relação aos produtos de linha branca, a companhia deu início a um projeto piloto de entrega no mesmo dia.

Os resultados de 2020 explicam a pressa da Fast Shop por inovação. Atuante no digital, a nova estratégia da companhia, que registrou alta de 14,6% na receita GMV (Valor Bruto de Mercadoria, em inglês), de R$ 4,1 bilhões em 2019 para R$ 4,7 bilhões no ano passado, é o varejo híbrido.. Com o modelo, aplicado inicialmente na loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, a companhia amplia o portfólio de produtos e entra em um novo conceito de loja, diretamente relacionado ao segmento lifestyle. Uma mudança que, na opinião de Salem, ajuda no relacionamento com o consumidor, e deve ampliar o faturamento da empresa em 20% neste ano. “Deixamos de vender somente o aparelho de televisão para vender a experiência completa”, afirmou o executivo, citando como exemplo a importância da experimentação dos conceitos de casa inteligente, segmento que cresceu 151% na em 2020. “Nós integramos tudo que é vendido e suprimos a demanda existente ao agregar valor à compra.”

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Essa estratégia para o híbrido caminha com a mudança na forma de consumo intensificada com a pandemia. Voltada para o mercado premium, com as classes A e B representando 33% da base de 10 milhões de clientes, a rede já possuía grande demanda nos canais on-line. No comparativo de 2020 com o ano anterior, a participação das vendas digitais da companhia saltou de 30% para 50%. A expectativa para 2021 é de que esse índice se mantenha, principalmente com a reabertura das 85 lojas localizadas em 11 estados brasileiros e com a inauguração, já no novo formato, de duas a cinco lojas no País.

INTEGRAÇÃO Com a digitalização, as empresas ganham capilaridade, mas também concorrência. Para Danniela Eiger, analista de varejo da XP Inc., manter o foco também no físico é uma estratégia inteligente e necessária. “As lojas estão sendo repensadas, se adequando ao novo perfil de consumidor e focando na experiência, fidelizando o cliente”, afirmou a especialista. Salem aposta na integração dos canais. No caminho para essa uniãoo, além de investir em agilidade, a rede aposta no aprimoramento do aplicativo que, além de permitir que o consumidor realize a compra para entrega em casa ou retirada em loja, também interage com a loja física. Nele, o cliente pode escanear as etiquetas dos produtos, obter informações e realizar a compra sem falar com o vendedor. O serviço é também uma estratégia para alcançar outros públicos. “Estamos testando as mudanças do consumidor, principalmente do público jovem que opta por fazer tudo pelo celular”, disse Salem. A ewsw também ampliou o segmento de serviços e inaugurou o Centro Autorizado Apple, espaço voltado a reparos de todos os produtos da marca. A fórmula Fast Shop, ao final das contas, se resume a uma só. Juntar a velocidade do novo e-commerce com uma agressiva cultura de prestação de serviços. Tudo em nome do que é decisivo para toda empresa vencer crises: a experiência de seu consmidor.