Saber quantas camisas de clubes de futebol são vendidas no mundo é um segredo muito bem guardado entre cada clube e seu fornecedor, num mercado em que as gigantes Adida e Nike duelam com Puma e outras marcas, como New Balance, atrás. De toda forma, a agência de marketing esportivo Euroamericas Sport Marketing divulga anualmente seu ranking. O Top Ten da temporada 2018 foi dominado pela Adidas (4 clubes, com os 3 primeiros do ranking), seguida pela Nike (4 clubes) e New Balance e Puma (1 clube cada).

1º Manchester United (Adidas): 3.250.000 camisas vendidas.
2º Real Madrid (Adidas) 3.120.000
3º Bayern Munich (Adidas) 2.575.000
4º FC Barcelona (Nike) 1.925.000
5º Liverpool (New Balance) 1.670.000
6º Juventus Turin (Adidas) 1.615.000
7º Chelsea (Nike) 1.525.000
8º Borussia Dortmund (Puma) 1.205.000
9º Paris Saint-Germain (Nike) 1.146.000
10º Manchester City (Nike) 1.085.000

FAST COMPANY. Mas disparadamente a camisa mais cool é de uma marca pouco conhecida, a Klabu, feita por uma fundação de origem holandesa criada para atuar junto a refugiados. Segundo os dados mais recentes, divulgado em junho pela Acnur, a agência da ONU para pessoas deslocadas, há no mundo 70,8 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas e localidades pelos mais diferentes motivos – da guerra à perseguição. Desse total, 25,9 milhões são refugiados. A maior parte é formada por jovens.

Um dos maiores acampamentos de refugiados do mundo é o Kakuma Refugee Camp-Kalobeyei Integrated Settlement, no noroeste do Quênia, com uma população de 186.692 habitantes. Ele abriga majoritariamente pessoas vindas do Sudão, da Etiópia e da Somália. Foi lá que o advogado holandês Jan van Hövell passou algum tempo como voluntário. E dali teve a ideia de criar a Fundação Klabu (que significa “clube”, em suaíli), para usar os esportes para fazer a diferença na vida de jovens refugiados.

O clube, que foi lançado oficialmente em maio, funciona como um centro esportivo administrado pela comunidade local, com gerentes de clube (homens e mulheres refugiados e da comunidade local) alugando equipamentos esportivos para refugiados e jovens locais a preços acessíveis. Van Hövell diz que o sistema faz com que os equipamentos esportivos sejam emprestados e devolvidos, e a renda gerada pelo clube é usada para organizar torneios esportivos e cobrir gastos com lavagem e reparo das peças.

Para ajudar a arrecadar dinheiro para a fundação, Van Hövell se junto ao ex-designer da Nike Kelvin Govey para projetar um par de kits estilosos, vendidos no site da Klabu, ou em sua loja de Amsterdã. “Legal é a palavra-chave!”, diz Van Hövell em uma entrevista à Fast Company. Em vez de implorar por doações, em troca de apoio, a Klabu oferece algo que as pessoas realmente querem consumir, em peças premium. “Estamos convencidos de que combinar uma causa sem fins lucrativos com esportes e moda é uma maneira fantástica de criar impacto.” As camisas custam 59 euros, mas há itens como meiões e calções.

Desde a abertura do primeiro endereço Klabu, em janeiro, 8.000 refugiados de 13 países africanos, além de quenianos locais, se inscreveram para fazer parte do centro, emprestando equipamentos e roupas esportivas todos os dias e participando de torneios da Klabu. O clube foi construído em parceria com a Roof for Humanity e também se tornou um lugar social para as pessoas se unirem em reuniões, apresentações no palco ou simplesmente sair.

O objetivo é construir mais 10 clubes esportivos em campos de refugiados nos próximos três anos e, embora as vendas de kits tenham sido animadoras, Van Hövell espera fazer parcerias com empresas e organizações para expandir e arrecadar mais fundos. “O esporte é uma ferramenta muito poderosa para unir as pessoas”, diz. “Não importa se você é uma garota refugiada em Kalobeyei ou Megan Rapinoe (astro da seleção americana, campeã do mundo em 2019), em campo a única língua que conta é o esporte, e essa linguagem é universal.”