Uma marca que engloba a venda de roupas por meio de lojas físicas e on-line, um banco digital e uma plataforma que vai de dicas de beleza até, porque não, consultoria de saúde e finanças. É exatamente esse o plano da Marisa. A estratégia para criar o ‘universo M’, como é chamado pela companhia, foi iniciada com a reestruturação do seu portfólio financeiro e o lançamento do MBank. “Antes não tínhamos tecnologia para permitir que os clientes fizessem pagamentos usando o cartão Marisa via compras no digital”, afirmou o CEO Marcelo Pimentel. “Agora vamos tornar a Marisa uma plataforma de serviços, produtos e experiências.”

A aposta demandou investimento de R$ 20 milhões, e não acontece por acaso. No mercado há 73 anos, a companhia entrou no universo financeiro há pouco mais de duas décadas com a criação do Cartão Marisa Private Label. E foi essa frente que se mostrou mais resiliente durante o ano passado, quando todas as 345 lojas da rede chegaram a ficar fechadas. No comparativo de 2020 com o ano anterior, a margem Ebitda de serviços financeiros chegou a R$ 50,1 milhões. Na linha varejo, foi negativo: R$ 22,1 milhões (- R$ 9,2 milhões no ajustado).

Seguindo os passos das maiores varejistas do mundo como a chinesa AliExpress, a americana Amazon e a brasileira Magazine Luiza, em que ferramentas de agilidade nos serviços de pagamentos e crédito são decisivas para o sucesso do marketplace, a consolidação do braço financeiro da Marisa é crucial para impulsionar a evolução da plataforma nos próximos anos. Para o especialista em varejo Alberto Serrentino, um movimento que existe há muito tempo, mas que deve ganhar força nos próximos anos. “O varejo brasileiro desenvolveu mecanismos de créditos massificados para consumidores não bancalizados”, disse. Para ele, parcerias com instituições bancárias e fintechs devem ajudar a impulsionar ainda mais esse segmento. “O setor está digitalizando o negócio para ter maior domínio do consumidor e dos seus dados.”

E isso a Marisa tem de decisivo. Uma ferramenta chamada carteira robusta de clientes fiéis à marca. O MBank já nasce, por exemplo, com uma base de 2 milhões de cartões ativos. Mas a meta do CEO da rede é alcançar os 10 milhões de clientes anuais da Marisa. As vendas pelos canais digitais mais que dobraram de share na empresa, com a participação nas receitas saindo de 5,6% (2019) para 13,4% (2020). O e-commerce, no entanto, não será a tática única dentro das estratégias da empresa. Com 50% das lojas em comércio de rua, a companhia confia numa conjugação entre a unidade física e o MBank. “A loja de rua é grande impulsionadora de níveis de recompra”, afirmou Pimentel. “Nesse caminho, o MBank se torna ainda mais relevante porque o perfil de cliente de rua possui uma demanda maior por crédito.”

TENDÊNCIAS Enquanto os serviços financeiros se mostram mais importantes do que nunca para a companhia, outras medidas também foram decisivas para reduzir o impacto dos ganhos durante a pandemia, como a redução de 30% do estoque, liberando capital de giro de R$ 180 milhões. Além disso, a maior loja da rede, localizada em Campinas (SP) está servindo de testes de um novo modelo, que deve ser ampliado no segundo semestre para outras 44 unidades da rede. As mudanças partem da melhora na iluminação e ampliação de provadores até a integração com a loja on-line por meio de tótens de pagamento. “Temos a ambição de voltar a crescer e colocar a Marisa em locais onde hoje não estamos”, disse Pimentel. A intenção é clara: transformar o M de Marisa em M de Mulher Brasileira. Tudo num único espaço.