Ensinar a teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin, é tarefa para um professor com diploma em Biologia, mas o gerente de negócios Bruno Antônio sempre se dispõe a ajudar o filho Caio, de 12 anos, com a lição de casa. Quando tem alguma dúvida, Antônio logo entra em contato com a professora, por meio de um aplicativo, para saber qual é exatamente o tema da aula.

“A interação (com professores e coordenadores) é quase diária”, conta Antônio. “Conseguimos falar com eles a qualquer momento do dia, sobre qualquer assunto relacionado à escola.”

Pesquisa feita pela consultoria em educação Escolas Exponenciais mostra que 41% dos pais apontam o relacionamento próximo e participativo com a escola como fator de decisão na hora da matrícula. Em segundo lugar está o ensino de valores morais e éticos (36%).

Critérios como a qualidade do projeto pedagógico, investimento na qualificação de professores e no material didático, por outro lado, não aparecem entre os mais importantes.

Quando perguntados sobre os motivos que os levaram a tirar o filho de uma escola, aparecem localização (20%) e falta de investimento em melhorias e inovação (18%).

“Quando começamos a pesquisar, as escolas diziam que os pais não estavam interessados, que não queriam acompanhar nem participar. Mas não foi isso o que encontramos”, diz o idealizador da pesquisa, Vahir Sherafat. O levantamento foi feito pela consultoria por meio de formulário respondido por 150 mil pais que têm filhos em 350 escolas privadas.

Autonomia

Especialistas dizem que a participação dos pais é importante, mas colocam restrições às ferramentas tecnológicas cada vez mais usadas por famílias e escolas. É fundamental, dizem, que os pais estejam presentes no ambiente escolar, em atividades e interação com os professores. E lembram que a escola deve servir para a formação da autonomia da criança e que as interferências muitas vezes podem atrapalhar o processo.

“Esses recursos tecnológicos não são ruins para os pais ficarem sabendo de detalhes da vida cotidiana da escola. Eles podem sim agregar. Mas o que não pode acontecer é eles serem o único meio”, afirma a professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Dirce Zan. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.