A família Galo sentiu a queda de preços dos alimentos básicos que houve neste ano, mas continua indo à caça das promoções dos supermercados para economizar. “Um pacote de cinco quilos de arroz chegou a custar R$ 15 no ano passado e hoje sai por R$ 11; o pacote de um quilo de feijão está R$ 3, mas encontrei no passado por R$ 8”, diz Vilma Aparecida Galo, de 60 anos, que tem os preços na ponta da língua. A dúzia de laranja que chegou a custar R$ 5 agora está por cerca de R$ 2.

Com uma família numerosa, a dona de casa gasta por mês 15 quilos de arroz e quatro quilos de feijão para servir almoço e jantar para nove pessoas que moram na sua casa: ela, o marido, os quatro netos, a filha, o genro e o filho. “Não comemos fora, é mais em casa mesmo.”

Com tanta gente para alimentar, a dona de casa tem de economizar, especialmente porque o seu marido, Hilário Roque Galo, de 65 anos, mecânico em manutenção, está desempregado há um ano e meio. “A empresa fechou e ele ainda não está aposentado”, explica. Por enquanto, Vilma está usando o dinheiro recebido da rescisão do marido para as despesas, apesar de os filhos e o genro contribuírem para os gastos da casa.

Maratona

Na terça-feira à noite, ela começa a se preparar para a maratona de ofertas dos supermercados que, geralmente, ocorrem na quarta-feira na maioria das grandes redes na região onde mora. Na véspera, ela pega os folhetos e fica atenta aos comerciais de TV para saber por onde começar as compras no dia seguinte.

Na quarta-feira, por exemplo, Vilma foi pela manhã a uma grande rede de hipermercados: comprou carne (paleta e acém) na promoção e pagou pelo quilo R$ 11. Também levou para casa batata por R$ 1,99 o quilo, R$1,00 abaixo do preço normal. À tarde, antes de conversar com a reportagem, se preparava para ir a outro hipermercado que também tinha produtos em oferta. “A queda dos preços dos alimentos ajudou um pouco, mas não foi muito, não. O que está ajudando são as promoções.”

No ano passado, quando os preços dos alimentos estavam subindo, Vilma diz que chegava a gastar cerca de R$ 2.500 por mês com todos os alimentos, incluindo carne, leite, verduras, frutas e itens de mercearia. “A alimentação é o maior gasto, além de ser prioridade”, observa. Hoje, por conta da queda de preços e das promoções dos supermercados, ela calcula que esse desembolso diminuiu para cerca de R$ 2.000 por mês.

Redirecionamento

No entanto, essa economia obtida com a queda dos preços dos alimentos a dona de casa está direcionando para outras despesas da casa que aumentaram. A luz, por exemplo, subiu muito, diz a dona de casa. A família gastava cerca de R$ 150 por mês e hoje está desembolsando R$ 350 pela energia.

Na lista dos gastos que subiram, Vilma aponta a conta de água. No começo do ano, era de R$ 90 e agora já está em R$ 200 por mês. O gás de botijão foi outra despesa que também aumentou. Antes a dona de casa pagava cerca de R$ 40 e agora o botijão sai por R$ 75. “O que consigo economizar na comida, gasto com tarifas e produtos de limpeza.” No ano até outubro, a energia elétrica subiu quase 10% e o gás de botijão, cerca de 13%, aponta o IPCA. / M.C. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.