Graças ao filho 04, o aniversário do papai Jair não deve ter sido dos melhores. Ou foi, vá saber. O fato é que apenas seis dias antes de completar seus 66 anos (domingo, 21), o presidente viu um inquérito ser aberto pela Polícia Federal envolvendo Renan Bolsonaro. O júnior de Jair, dono de uma empresa de… ah, não importa… teria feito tráfego de influência para a companhia capixaba Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que atua no segmento de mineração e construção e conseguiu uma agenda com o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O 04 teria participado do encontro, exatamente um mês depois de ter recebido da Gramazini um veículo elétrico no valor de R$ 90 mil, segundo o inquérito. Com isso, o presidente Jair conseguiu que todos os seus quatro filhos homens já tenham algum enrosco com a Justiça. Para completa surpresa de ninguém.

RIO CENTRO 40 ANOS

Elá se vão 40 anos. Na noite de quinta-feira 30 de abril de 1981 – 48 horas depois do Dia da Sogra –, uma explosão ajudou o Brasil a caminhar para o que tenta até hoje, ser uma democracia madura. Dois militares do Exército portavam bombas em um carro modelo Puma para serem colocadas no Riocentro, casa de eventos no Rio de Janeiro, onde aconteceria um show pelo Dia dos Trabalhadores. A brilhante estratégia de cérebros militares era culpar movimentos de esquerda e retardar a abertura política pela qual timidamente o País começava a andar. A ideia, que nem é nova, saiu pela culatra. Uma das bombas explodiu antes do tempo, matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário e feriu gravemente o capitão Wilson Luís Chaves Machado. A dupla era do DOI-Codi. Quem foi o mandante? Nuevas: nunca se chegou a ele.

RECADO AO PLANALTO

Bastiaan Slabbers, Pa

Numa Carta Aberta de 2.720 palavras tornada pública domingo (21), banqueiros, economistas, empresários e ex-ministros cobram o governo federal por fazer algo a favor do País e contra a pandemia – e não o contrário, como tem sido. O texto traz trechos diretos, sem entrelinhas – “Esta recessão, assim como suas consequIencias sociais nefastas, não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal” – e é assinado por nomes de peso como os copresidentes do Conselho de Administração do Itaú Unibanco (Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles), ex-presidentes do banco Central (Affonso Celso Pastores, Armínio Fraga, Gustavo Loyola e Ilan Goldfajn) e ex-ministros da Fazenda (Marcílio Marques Moreira, Pedro Malan e Rubens Ricupero). Na segunda-feira (22), o manifesto já tinha mais de 1,5 mil signatários.

CALL QUE ACALMA

Mateus Bonomi

Objetivamente falando, foi mais um ensaio de autoritarismo. Na sexta-feira (19) o presidente Jair começou a propagar que seria obrigado a tomar medidas duras para tratar da gestão (sic) da pandemia. “Governadores e prefeitos não podem tomar o direito de ir e vir das pessoas”, disse. “Isso é para Estado de Sítio.” Ministros do STF agiram na turma do deixa-disso e teriam encaminhado ao presidente da corte, Luiz Carlos Fux, o teor das declarações republicanas padrão do Palácio. Fux telefonou ao presidente, que teria negado estar especulando sobre o Estado de Sítio.

TURQUIA ANDA PRA TRÁS

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Com a decisão tomada sábado (20) pelo presidente turco Recep Erdogan, de retirar o país da Convenção de Istambul – marco na proteção às mulheres assinado há dez anos –, o país se vê cada vez mais isolado. Agora é o americano Joe Biden quem se une aos principais líderes europeus condenando a posição de Erdogan. A convenção exige que os governos signatários adotem legislação que criminalize a violência doméstica e abusos semelhantes, como o estupro conjugal e a mutilação genital feminina. O presidente dos Estados Unidos classificou a medida como “profundamente decepcionante”.

SERGIO MORO, O PARCIAL

Mateus Bonomi

Imparcialidade é a pedra sobre a qual se sustenta o judiciário. Na terça-feira (23), o STF decidiu pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro nas ações envolvendo o ex-presidente Lula. No julgamento, o novato Kassio Nunes Marques absolveu Moro. Disse que o conteúdo do que falou importa menos que a forma como foi obtido – por hackeamento. O resultado daria a vitória a Moro e deixou Gilmar Mendes inconformado. “Covardia”, disse. Mas aí Cármen Lúcia refez seu voto e decidiu pela suspeição do ex-meritíssimo.

E A PALAVRA DA SEMANA É…

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Da semana. Do mês. Do ano. Da década. Dos últimos 17 anos… Genocida. A busca pelo termo no Google cresceu 50 vezes em um mês – entre o período 14-20 de fevereiro e 14-20 de março. Mais do que isso. Nunca a procura pela palavra genocida foi tão intensa desde 2004, ano a partir do qual os dados de pesquisa da ferramenta do Google são disponibilizados.

GUERRA DA VACINA VERSÃO UE

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Apesar de promessas anteriores, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no domingo (21) que o bloco não compartilhará vacinas contra o novo coronavírus com outros países até que tenha “uma melhor situação de produção”. Não são as nações pobres o foco da fala. A maior preocupação da UE é com o Reino Unido, onde a campanha de vacinação progrediu rapidamente. “Não posso explicar aos cidadãos europeus por que estamos exportando milhões de doses de vacinas para países que as produzem e não nos enviam nada de volta.”

JOGANDO CONTRA

Evandro Rodrigues

o Brasil segue no fim da fila em horas gastas para pagar impostos e abastecer a máquina pública. Paradoxalmente, tem controle fiscal quase como peça de ficçÃO. Em 15 anos, a média global caiu de 302 horas para menos de 233 – redução de 23%. Menos por aqui.

Evandro Rodrigues