Uma das candidatas que mais tem oscilado nas pesquisas eleitorais, Marina Silva, da Rede, tem se aconselhado com o economista Eduardo da Fonseca. Seu plano inclui a revisão da reforma trabalhista, uma nova proposta de reforma da previdência e a autonomia do Banco Central.

Como o sr. avalia a cenário político e econômico neste ano?
Posso dizer que, de modo geral, o Brasil é curioso. Vai sempre de um extremo ao outro. Alguns anos atrás, observamos um intervencionismo pesado durante o governo
de Dilma Rousseff, com apoio popular. Agora, há uma tendência em se adotar um fundamentalismo de mercado, com apoio popular.
Acho que falta sensibilidade social.

Essa oscilação é uma questão cultural?
Com certeza. Lancei o livro “O elogio do vira-lata e outros ensaios”, onde analiso a volatilidade da imaginação brasileira, que oscila entre os estados de confiança e euforia e de desengano em relação ao futuro. Hoje, se confunde o circunstancial da conjuntura com o permanente da cultura. O País enfrentou altos e baixos durante sua história, e sempre se recuperou.

Mas hoje há um radicalismo exagerado por parte do eleitorado, com defesa até de intervenção militar…
Esse radicalismo está representado por uma minoria. Isso ficou claro durante a greve dos caminhoneiros. Quem pede intervenção militar, a meu ver, é equivalente aos blackblocks, em 2013. É gente que não tem a menor noção do que está falando e do que está fazendo. Se eles tivessem vivendo sob um regime militar, não poderiam, inclusive, estar expressando suas opiniões. É um paradoxo.

(Nota publicada na Edição 1087 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Hugo Cilo, Moacir Drska e Pedro Borg)