Um erro da Credicard abalou o cronograma de implantação de um dos projetos mais ambiciosos da indústria de cartões de crédito: o uso de chips embutidos no dinheiro de plástico, em substituição à tarja magnética. Falhas na logística da operação obrigaram a administradora a jogar fora 16 mil cartões que seriam enviados a consumidores selecionados em todo o Brasil. Para evitar que o problema manchasse a credibilidade do projeto de US$ 200 milhões em que Visa e Mastercard estão enfronhadas nos últimos cinco anos, a Credicard decidiu simplesmente passar a borracha sobre o teste mal-sucedido. Os dados sobre os consumidores envolvidos não irão constar de nenhuma pesquisa sobre satisfação do cliente com a nova tecnologia. A mancada tem a assinatura da Orbitall, operadora da Credicard, que enviou as senhas aos clientes pelo correio antes dos cartões, no final de abril. Os usuários, que não sabiam sequer que seus cartões seriam trocados, protestaram – alguns acharam que se tratava de uma desculpa da empresa para cobrar novas taxas, outros reclamaram da senha para a qual não havia cartão algum. A empresa decidiu simplesmente cancelar o envio e jogar os cartões fora. “Suspendemos o teste porque os clientes tiveram uma experiência negativa que poderia influenciar os resultados”, diz Cesário Nakamura, diretor de marketing da Credicard. Calcula-se que a empresa gastou o equivalente a R$ 145 mil na operação mal-sucedida. Um novo teste será realizado ainda no primeiro semestre. Os clientes serão necessariamente detentores de cartões locais ou internacionais. Cartões das versões Gold e Platinum, distribuídos a pessoas de maior poder aquisitivo, ficarão de fora porque, segundo a Credicard, esse público é “mais resistente” a participar de avaliações.