Uma analise mais aprofundada nos dados do Censo Agropecuário de 2017 aponta que 39,2% dos proprietários de estabelecimentos rurais existentes em Rondônia tinham mais de 55 anos de idade. Portanto, boa parte deste grupo está na faixa de risco da Covid-19, a doença do coronavírus.

Segundo artigo dos analistas Calixto Rosa Neto e Renata Silva, da Embrapa Rondônia, este quadro ilustra um fenômeno visto em todo o País. Os fazendeiros estão envelhecendo, “a população rural diminui e a sucessão não está ocorrendo na mesma proporção”. Segundo os especialistas, os jovens “não se sentem atraídos pelo labor no campo”, tanto em Rondônia quanto no restante do território nacional.

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Pessoas idosas e com condições de saúde pré-existentes (como pressão alta, doenças cardíacas, doenças pulmonares, câncer ou diabetes) parecem desenvolver doenças graves com mais frequência do que outros, aponta a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

No restante da população, segundo informações disponíveis, o vírus pode causar sintomas leves e semelhantes aos da gripe, mas não estão descartados as doenças mais graves. “Os pacientes apresentam uma variedade de sintomas: febre (83%-98%), tosse (68%) e falta de ar (19%-35%). Com base nos dados atuais, 81% dos casos parecem ter doença leve ou moderada, 14% parecem progredir para doença grave e 5% são críticos”, aponta a Opas.

“É mais um desafio para os produtores rurais nessa faixa etária, pois o dia a dia do campo exige presença constante, quer seja plantando, cuidando ou colhendo a produção. Momento ideal para reflexões acerca de se implementar ações concretas que permitam aos jovens trabalhadores rurais permanecerem junto aos seus, conectados à oportunidade de lazer, renda própria, ambiente familiar e de relações socioeconômicas satisfatórias”, avaliam os analistas da Embrapa.

Em Rondônia, no Censo de 2017 foram registrados 91.438 estabelecimentos agropecuários, sendo que 74.329 (81,3%) deles foram classificados como de agricultura familiar.