Quem foi ao estádio para assistir à partida de futebol americano entre Carolina Panthers e New Orleans Saints no centro de Charlotte, Estados Unidos, deparou-se com uma campanha publicitária inusitada. Um caminhão preto, supostamente da funerária Wilmore Funeral, circulava com a frase “não se vacine”.

O veículo viralizou e gerou polêmica na internet, dividindo opiniões. Quem procurou entrar no site da funerária, no entanto, descobriu que ela não existe – o endereço levava os usuários a uma página que dizia “Vacine-se agora. Se não, nos vemos em breve”.

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O mistério persistiu até a última terça-feira (21), quando o presidente da StarMed, empresa de saúde que detalha os registros das vacinas contra a covid-19 disponíveis nos Estados Unidos, assumiu a autoria da campanha. Segundo David Oakley, os funcionários elaboraram a funerária fictícia para incentivar a vacinação.

“Sentimos que, pessoalmente, esta era uma causa na qual acreditávamos e deveríamos usar nossos recursos para o bem comum. Se isso faz com que uma pessoa mude de ideia, vale a pena cada centavo”, disse Oakley ao jornal Washington Post.

A propaganda, porém, desagradou tanto cidadãos já vacinados que se dizem ofendidos, como especialistas em marketing. A professora de publicidade da Universidade da Carolina do Norte, Stacy Wood, acredita que a campanha exerce uma pressão muito alta para convencer pessoas antivacinação, o que poderia reforçar sua posição.

“Ao estudar como as pessoas fazem escolhas, os profissionais de marketing descobriram que, quando as pessoas se sentem pressionadas a fazer uma escolha em particular, e essa pressão é suficiente, isso as faz sentir que sua real liberdade de escolha está sendo afetada. Posso entender que a brincadeira do caminhão funerário falso foi adotada pelas pessoas vacinadas como o alívio do humor em uma situação tensa. É uma piada eficaz, mas não um marketing eficaz”, declarou ao jornal da capital estadounidense.

Os Estados Unidos vivem uma pandemia entre os não vacinados: segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o país conta com 36% da população acima de 12 anos ainda não totalmente vacinados (duas doses). Para convencer as pessoas a se imunizarem contra a covid-19, governos locais tentam diversas opções: desde oferecer vacina gratuita em jogos de futebol americano como pagar U$ 100 para quem se vacinar, o que foi feito na cidade de Nova York.