O calendário de matrículas nas instituições de ensino privado está sendo afetado este ano por atrasos no programa de financiamento estudantil Fies. Faculdades e universidades privadas reclamam que entraves burocráticos criados no novo modelo do programa estão inviabilizando matrículas e acabam por impactar também a entrada de estudantes pagantes.

Conforme reportou a Coluna do Broadcast, até a semana passada as instituições não tinham sequer recebido a lista de alunos aprovados para as vagas no programa.

O Ministério da Educação disse que a listagem de candidatos pré-selecionados ficou disponível para o acesso das faculdades na sexta e que o prazo para a complementação das informações relativas às inscrições do Fies foi prorrogado para o dia 15. As empresas, no entanto, veem dificuldades para cumprimento desse prazo.

O Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) afirma que problemas no sistema onde são inseridas as informações de estudantes dificultam a transmissão de dados exigidos, como por exemplo a comprovação da renda do aluno. Sem isso, não há como os contratos de financiamento serem concluídos.

Segundo o diretor executivo da entidade, Rodrigo Capelato, há ainda dificuldades no caso dos alunos que tem apenas parte das mensalidades financiadas. Por exemplo, quem tem um financiamento de apenas 50% deve pagar regularmente um valor equivalente à outra metade da mensalidade. Com mudanças nos critérios, Capelato afirma que as empresas privadas não estão recebendo essa parcela.

O impacto financeiro para as companhias de ensino não é considerado grande porque o Fies este ano ofereceu apenas 100 mil vagas na modalidade tradicional. Outras vagas são ofertadas com funding de bancos privados. Apesar disso, Capelato avalia que as dificuldades atingem as empresas de outras formas. Vagas ociosas deixam de ser preenchidas por alunos pagantes porque os estudantes aguardam a confirmação de sua vaga no Fies.