Quem dá mais? Tão certo quanto o peru de Natal, o champanhe do réveillon e as especulações sobre troca de pilotos nas escuderias de Fórmula-1 é a abertura, nesta época, do sacolão de previsões sobre crescimento econômico no próximo ano. Bancos, agências de consultorias e economistas fazem apostas que vão do modesto 1% a majestosos 6%. Nos mínimos detalhes, tudo conta na hora de fazer a previsão. Para o economista Luciano Coutinho, da LCA Consultores, ?há 9% de probabilidade? de ocorrer, ao longo de 2001, uma nefasta conjunção de fatores como a desaceleração da economia americana, o agravamento da crise na Argentina e a sustentação do preço do barril do petróleo acima de US$ 30. ?Se isso acontecer, o PIB do Brasil vai crescer entre 1% e 1,5%?, diz Coutinho, cujo vaticínio inclui dólar a R$ 2,30 e juros básicos na casa dos 23%.

Otimismo. O ex-ministro Maílson da Nóbrega, da Tendência Consultoria, é mais otimista. Ele enxerga um crescimento de 3,9% no PIB brasileiro em 2001. ?Os juros cairão a 15% e a crise da Argentina não será tão problemática para o Brasil?, diz. Um degrau acima estão os técnicos do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socio-Econômicas). Com base na taxa de desemprego de setembro de 2000, de 17,3%, a mais baixa desde 1997, eles antevêem um aumento no consumo de bens duráveis e não duráveis. ?Aumento de emprego anima o mercado?, garante o economista chefe do Dieese, José Maurício Soares, que trabalha com um aumento de 4% no PIB do próximo ano. No Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), vai-se além. Ali, o número mágico de crescimento é 4,5%. ?Não há mais dúvidas sobre a política fiscal do governo e, assim, há mais confiança por parte dos investidores?, justifica Eustáquio Reis, coordenador de pesquisas macroeconômicas do Ipea.

O banco de investimentos Inter American Express faz apostas setor por setor. Para seus economistas, a agropecuária vai crescer 6%, a indústria, 4,5%, e serviços, 3,5%. ?A safra agrícola, a construção civil e a procura por crédito deverão crescer?, resume Marcelo Allain, economista-chefe da instituição. Organismos internacionais demonstram ainda mais otimismo. O IIF (Institute of International Financial) prevê um crescimento de até 6% para o País como um todo. ?Acreditamos que a taxa de juros vai continuar declinante, o que aquecerá o consumo e a produção?, registra um comunicado padrão da organização. Neste caldeirão, o governo também mete a colher. O Banco Central estima em 4,5% o crescimento da economia do País no próximo ano. ?A previsão foi feita neste mês de outubro e não há motivos para rever a projeção do governo?, assegura o coordenador de Relação com o Mercado do BC, Gustavo Bussinger. Tudo somado, como sempre acontece, o mais certo é que ninguém acerte o alvo.