A ativista sueca adolescente Greta Thunberg disse nesta terça-feira (12) que o negacionismo das mudanças climáticas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, é “tão extremo” que ajudou a galvanizar o movimento para deter o aquecimento global.

Ela falou em uma entrevista à AFP na véspera de sua partida da América do Norte, onde passou quase três meses.

“Ele é tão extremo e diz coisas tão extremas, então acho que as pessoas acordam com isso de certa forma”, disse a jovem de 16 anos a bordo de um veleiro que se preparava para partir da cidade de Hampton, Virginia, para a Europa na manhã de quarta-feira.

“Quando ele foi eleito eu pensei, agora as pessoas devem finalmente acordar”, continuou. “Porque parece que se continuarmos como agora, nada vai acontecer. Então talvez ele esteja ajudando”.

Um jovem casal australiano se ofereceu para ajudá-la em sua viagem de volta.

Elayna Carausu, 26, e Riley Whitelum, 35, vivem em seu catamarã com seu bebê de 11 meses e documentam suas aventuras nas redes sociais, e responderam ao pedido de Greta por ajuda para fazer uma viagem ecológica de retorno à Europa.

Inicialmente, eles planejavam passar o inverno nos Estados Unidos, mas agora vão transportam Greta e seu pai, Svante Thunberg, no catamarã de 14 metros (45 pés), “La Vagabonde”.

Após meses de protestos nos EUA e no Canadá, incluindo uma aparição em uma importante cúpula climática da ONU em setembro, que foi o motivo de sua visita, ela ofereceu uma avaliação morna do impacto.

“Depende. De certa forma, muitas coisas mudaram e muitas coisas se moveram na direção certa, mas também em certo sentido, passamos mais alguns meses sem que ações reais fossem tomadas e sem que as pessoas percebessem a emergência em que estamos”, disse Greta, que retomará aos estudos no próximo ano.

A viagem em si deve durar de duas a três semanas, dependendo das condições climáticas. O jovem casal, seu filho Lenny (que tem sua própria conta no Instagram) e os Thunbergs serão acompanhados pela marinheira britânica Nikki Henderson, que foi chamada para ajudar.

Seu destino é Portugal, a cerca de 5.500 quilômetros de distância, para participar da cúpula climática da COP 25 da ONU em Madri, Espanha, de 2 a 13 de dezembro.

O evento ia acontecer originalmente no Chile, mas foi alterado por causa de distúrbios políticos, forçando Greta a mudar seus planos de viagem.

“Se eu chegar à COP 25 a tempo, participarei nela, porque recebi um convite para fazer isso”, disse Greta, que usava um casaco com as palavras “Unite for Science” (Unam-se pela ciência). “E então eu vou para casa, eu acho.”