A abertura em baixa nas bolsas de Nova York é um dos balizadores do movimento de queda do Ibovespa, que ainda passa por uma realização após cinco fechamentos de pregões em alta. Após iniciar o dia perto da estabilidade e na faixa dos 104 mil pontos, acelerou o ritmo de declínio, indo para os 103 mil pontos na manhã desta quarta-feira, 16.

Nos EUA, o recuo das bolsas estava na faixa de 0,22% a 0,38%, sobretudo após decepção com queda das vendas varejistas no país em setembro, reforçando temores de maior desaquecimento econômico que o esperado. Às 11h13, o Ibovespa cedia 0,63%, aos 103.830,66 pontos.

Além do temor externo, a agenda doméstica esvaziada, a cautela em relação à crise no PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e o recuo do minério de ferro na China pesam sobre os negócios.

Lá fora, ainda pairam informações conflitantes sobre o Brexit, enquanto investidores avaliam balanços do terceiro trimestre nos Estados Unidos. “Além disso, há o vencimento de opções sobre Ibovespa, o que pode gerar alguma instabilidade, principalmente perto do fim do pregão”, cita um operador.

As negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) continuam e nesta quarta está prevista uma nova rodada de conversas entre o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, e líderes da União Europeia.

No Brasil, a aprovação sem mudanças do projeto de lei que trata da partilha dos recursos do leilão do pré-sal da cessão onerosa com Estados e municípios, na terça-feira, ainda é bem avaliada. Isso porque o avanço deve facilitar a votação da reforma da Previdência, prevista para o próximo dia 22.

Além disso, a valorização do petróleo no exterior ajuda a limitar a queda das ações da Petrobras, que seguem perto da estabilidade.

Para tentar avançar na agenda de reformas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, desistiu de ir aos Estados Unidos para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorre nesta semana em Washington. De acordo com interlocutores do ministro, ele preferiu ficar em Brasília para cuidar do que tem sido chamado na pasta de “agenda de transformação do Estado”. Ao BR Político, Guedes disse que o cancelamento é uma questão de fixar “prioridades”.

Quanto aos desentendimentos do presidente Bolsonaro com o PSL, economistas da MCM Consultores acreditam que isso não deve atrapalhar as votações no Congresso como a da reforma da Previdência. De fato, escrevem em relatório os profissionais, a PEC desta reforma foi aprovada no Senado em primeiro turno com elevada margem.

De acordo com a consultoria, como a bancada de senadores do PSL é diminuta, não deve fazer diferença e a MCM não acredita que necessariamente passarão à oposição. “A aprovação sem mudanças do PL 5478/2019, que trata da repartição dos recursos do leilão da cessão onerosa ontem deve facilitar a votação da reforma da Previdência”, cita.