Sorridente, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, subiu nesta quarta-feira (24) a bordo de um dos seus emblemáticos trens verde-oliva para viajar até a fronteira russa, como seu pai fez no passado, para uma reunião de cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin, em Vladivostok.

A agência de notícias norte-coreana KCNA divulgou fotos de Kim passando em revista uma guarda de honra e cumprimentando as autoridades vestindo preto, antes de iniciar sua jornada, enquanto ainda era noite.

É a quarta vez que Kim escolhe o trem para viajar para o exterior.

Mas esta viagem com destino à fronteira russa, da qual o ponto de partida é ignorado, durou “apenas” nove horas. Nada comparado à sua odisseia de dois dias e meio em fevereiro para a cúpula de Hanói com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A reunião bilateral terminou em um grande fracasso.

A largura das ferrovias na Coreia do Norte é diferente daquelas da Rússia, mas o trecho entre o porto norte-coreano de Rason e a cidade fronteiriça russa de Khasan tem dois tipos de vias férreas para que possam circular trens de ambos os países.

A preferência pelo trem é uma característica da dinastia Kim. O pai e o avô de Kim Jong-un já eram adeptos desse tipo de locomoção.

Diz-se que Kim Jong-il, no poder entre 1994 e 2011, tinha uma fobia por aviões e recorreu aos trens para suas sete viagens à China, assim como às suas três visitas à Rússia, incluindo uma a Vladivostok, em 2002, para se reunir com Putin.

Em 2001, o trem o levou a Moscou, isto é, 20.000 quilômetros de ida e volta. Em 2011, viajou para a cidade siberiana de Ulan-Ude, onde se encontrou com o então presidente Dmitri Medvedev.

Aparentemente, o regime norte-coreano possui vários trens quase idênticos – verde-oliva com borda amarela -, fabricados em Pyongyang.

Esses trens geralmente têm duas locomotivas e entre 17 e 21 vagões. Eles circulariam a não mais do que 60 km/h e transportariam veículos blindados e pequenos helicópteros em caso de emergência.

Os vagões usados por Kim Jong-il – equipados com um escritório com um computador Macintosh – e por seu pai e antecessor – o fundador do regime Kim Il-sung – estão atualmente em exibição no palácio Kumsusan, onde seus restos mortais repousam.

Desde março de 2008, Kim Jong-un fez quatro viagens à China, uma ao Vietnã, durante as quais cruzou o território chinês, e uma a Singapura.

Ele também cruzou brevemente a linha de divisão com a Coreia do Sul durante a cúpula de 27 de abril de 2018, com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada.

Kim Jong-un embarcou três vezes em um avião: duas para viajar para a China, e outra, para visitar Singapura, em junho passado.