A participação do Brasil no mercado global de carne de frango e suína é dividida entre oportunidades e desafios. É o que mostram os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) sobre as exportações dos dois segmentos no primeiro semestre de 2022. A avicultura evoluiu, a suinocultura retrocedeu. Já o futuro é promissor para ambas. O cenário é similar também quanto ao peso dos custos de produção, pelo aumento do preço de insumos como milho, soja, energia elétrica e embalagens; e ao entrave logístico devido a suspensão e reorganização de rotas marítimas e menor disponibilidade de navios e contêineres.

No caso da avicultura, o volume exportado nos seis primeiros meses do ano passaram de 2,24 milhões de toneladas, 8% a mais do que no mesmo período de 2021. A receita próxima de US$ 4,73 bilhões foi 36% superior na mesma comparação. O resultado só não foi melhor porque a China, maior importador da carne de frango do Brasil, reduziu em 6,7% suas compras e a Arábia Saudita, quarto principal cliente, em 29,1%.

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O balanço foi assegurado pela pulverização nas negociações e pelo aumento em localidades como Emirados Árabes (66,4%) e União Europeia (37%). O cenário global deve favorecer o balanço final de 2022. Em outros importantes mercados, a tendência é de estabilidade ou queda de produção e redução na exportação, o que favorece o setor no Brasil. E ainda há a evolução dos casos de influenza aviária, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa.

Para as exportações de carne suína, o primeiro semestre foi complicado. Os embarques de 510 mil toneladas foram 9,3% menores do que no mesmo período de 2021, enquanto a receita, em US$ 1,11 bilhão, caiu 17,4%. O principal motivo: redução de 38,5% nas vendas para China e 37,7% para Hong Kong. O aumento em outros dez mercados relevantes, sendo cinco deles na Ásia, aliviou um pouco a situação. Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o ritmo já é de retomada. A expectativa para julho era de chegar a 95 milhões de toneladas. “Daí para frente, deve seguir no patamar entre 90 mil e 100 mil toneladas mensais”, afirmou.

O desempenho pode ser ainda melhor com a evolução do status sanitário quanto à febre aftosa no Rio Grande do Sul e no Paraná, que respondem por 23% e 15% das exportações de carne suína, respectivamente. A meta é que se tornem livres da doença sem vacinação, como Santa Catarina, que lidera os embarques com 56%. A ABPA afirma estar trabalhando junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para acelerar esse processo.