Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) -As exportações brasileiras de carne bovina devem avançar 2% neste ano, para 2 milhões de toneladas, estimou nesta quarta-feira a consultoria Athenagro, apesar da suspensão temporária de embarques para o principal comprador, a China.

Isso porque o Brasil já vinha exportando a proteína ao longo de todo o ano, até agosto, antes da paralisação de negócios com a China no início de setembro, em um patamar mais elevado que o registrado em 2020.

Para o CEO da Athenagro, Maurício Palma Nogueira, a suspensão chinesa é uma questão pontual. A medida veio após a confirmação de dois casos atípicos da doença “mal da vaca louca”, que não oferecem risco ao rebanho. [nL1N2Q60B7]

“Estamos em um ritmo mais forte (de exportação no ano)… Na hora que projetamos tudo isso, a gente acredita que vá ter esse aumento nos embarques de 2021”, afirmou o executivo durante coletiva de imprensa sobre a expedição Rally da Pecuária, da qual a consultoria é parceira.

A projeção, no entanto, já foi ainda maior. Nogueira admitiu que no início do ano a consultoria chegou a estimar alta entre 7% e 9% para os embarques totais da proteína em 2021. Desta forma, a nova estimativa já contempla os gargalos com o mercado chinês ocorridos recentemente.

Ele disse que os chineses têm uma tradição de serem muito “bons de negócios”, e há algum tempo compradores do país asiático e exportadores do Brasil vinham em uma “briga” por preços da carne, o que leva a crer que a demora na retirada do embargo pelas autoridades da China possa ter motivação comercial.

“Acredito que estamos passando por um desgaste momentâneo, mas ele acontece na hora em que o pecuarista brasileiro se preparou para vender os animais de confinamento”, ressaltou Nogueira, sobre um fator que contribuiu para intensificar a queda nos preços da arroba bovina, que, segundo ele, já se aproxima de 15% desde o início da suspensão chinesa.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegou a enviar uma carta ao ministro-chefe da Administração-Geral de Alfândegas da China (GACC) e se colocou à disposição para ir ao país asiático tratar pessoalmente do assunto, informou o ministério na terça-feira.

Segundo o comunicado da pasta, a ministra ainda aguarda resposta da autoridades chinesas e, portanto, não há data confirmada para um encontro.

Além disso, o Ministério da Agricultura brasileiro autorizou, por um período de 60 dias, o armazenamento de produtos bovinos congelados originalmente destinados para embarque à China, segundo nota de 19 de outubro vista pela Reuters.

A medida é destinada a processadores brasileiros de carne bovina que produziram carne para clientes chineses, mas não puderam enviá-la após uma proibição de exportação imposta no dia 4 de setembro.

(Por Nayara FigueiredoEdição de Maria Pia Palermo Edição de Maria Pia Palermo)

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