A Internet fez muito barulho, a telefonia chamou a atenção, mas desde o Plano Real um dos setores que mais cresceram ? e sem fazer nenhum barulho ? foi o de seguros. Ele dobrou de tamanho desde 1994, engordou 13% no ano passado e a previsão do mercado é que, em 2001, crescerá mais 20%. O setor deve movimentar R$ 28 bilhões, o equivalente ao faturamento das montadoras ou o triplo da indústria de papel e celulose. Se mantiver o atual ritmo de crescimento, dentro de cinco anos o setor será responsável por 6% do PIB, uma proporção semelhante à dos Estados Unidos (onde responde por 7% da riqueza do país). Hoje, representa 2,1%.

O crescimento dos últimos anos foi fruto do acirramento da concorrência. ?Nos anos 90, havia apenas os produtos tradicionais, dirigidos às classes A e B. Agora há diversificação e produtos para as classes C, D e E?, diz Lúcio Marques, conselheiro da Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg). Surgiram seguros contra roubo de celular, cartão de crédito, computador, ataque de hackers e até apólices para garantir renda em caso de invalidez temporária (para médicos e dentistas que não puderem trabalhar porque quebraram o braço, por exemplo). Para conquistar as camadas populares, surgiram produtos como o auxílio-funeral, que custa R$ 0,89 por mês e cobre gastos com cartório, túmulo, flores e caixão. ?Guardar dinheiro para enterrar um ente querido é uma das principais preocupações das pessoas humildes?, diz Marques. Outra mudança foi a popularização do seguro de vida. Uma apólice, que não saía por menos de R$ 15 mensais em 1994, hoje pode ser comprada por R$ 5 ao mês.

A carteira de automóveis deve ser o grande sucesso. ?A indústria automobilística está vendendo bem, é cada vez mais fácil comprar um carro novo?, raciocina José Carlos Abreu Filho, diretor da Itaú Seguros. Cerca de 85% dos carros já saem das concessionárias segurados, um índice comparável ao da Europa e Estados Unidos. A meta para todas as empresas, além de aproveitar o aumento da frota, será conseguir que o comprador renove sua apólice após o vencimento.

As previsões são otimistas para todos, mas cada empresa aposta num setor específico. A Itaú Seguros pretende investir em seguro de vida, a modalidade com maiores margens de lucro. Acha que o difícil será superar a cultura do brasileiro, que não pensa em prevenção a longo prazo. Para a Marítima, o futuro está no seguro-saúde. ?No final do ano passado, algumas empresas que atuavam na área corporativa fecharam as portas. Queremos esse filão?, diz Milton Bellizia Filho, diretor-executivo da empresa. Se o mercado continuar crescendo nesse ritmo, ambos terão apostado certo.