O exército suíço baniu serviços de mensagens como o Whatsapp, Signal e Telegram durante as operações de serviço, optando por um serviço de mensagens nacional, disse um porta-voz, confirmando uma notícia no jornal Tages-Anzeiger.

No final de dezembro, o exército suíço enviou um e-mail a todos os comandantes e chefes de Estado-Maior, pedindo aos soldados que optassem pelo sistema de mensagens suíço Threema, em vez de outros sistemas de mensagens para comunicações em celulares privados durante as operações de serviço, segundo o jornal suíço-alemão.

+ Ferramenta do WhatsApp mostra empresas perto de você

A recomendação vale para todos, incluindo os recrutas que cumprem o serviço militar pela primeira vez, mas também aos que voltam para o chamado período de repetição, em que os recrutas devem regressar regularmente ao exército nos anos seguintes para treinar, disse o porta-voz do exército, Daniel Reist.

A questão da utilização de mensagens surgiu durante as operações ligadas à covid-19 para apoiar hospitais e o programa de vacinação, no qual os recrutas podem ser chamados a participar, prosseguiu.

Já em uso nas administrações públicas na Suíça, o serviço de mensagens Threema foi considerado mais seguro em termos de proteção de dados, enquanto outros serviços como o Whatsapp estão sujeitos ao Cloud Act, a lei norte-americana aprovada em 2018 que permite, entre outras coisas, que os juízes norte-americanos ordenem o acesso aos dados detidos pelos operadores norte-americanos, mesmo que esses dados estejam localizados em servidores fora dos Estados Unidos.

Ao contrário do Whatsapp, propriedade da empresa norte-americana Meta (anteriormente Facebook), a Threema não é gratuita, mas o exército suíço vai cobrir o custo do download do aplicativo, que ascende a quatro francos suíços (24 reais) por usuário.

O serviço de mensagens instantâneas Threema foi concebido para gerar o mínimo possível de dados dos usuários, segundo a sua página na Internet. As comunicações são encriptadas de ponta a ponta e os usuários não precisam ligar a sua identificação a um número de celular ou correio eletrônico, segundo a empresa suíça, que afirma ter 10 milhões de usuários, incluindo 2 milhões no seu serviço de mensagens para uso comercial.

Lançada no final de 2012 por três jovens engenheiros de informática, a primeira versão do sistema de mensagens tinha respondido a uma forte procura, reunindo rapidamente cerca de 250.000 usuários.

Uma série de revelações no ano seguinte, incluindo o programa de vigilância Prism divulgado por Edward Snowden e o escândalo em torno das escutas telefônicas do celular da ex-chanceler alemã, Angela Merkel, fez subir o número de usuários antes de ‘disparar’ em 2014, quando o Facebook comprou o Whatsapp. “De um dia para o outro, centenas de milhares de novos usuários juntaram-se à Threema”, explicou o diretor de marketing.

Em 2016, a Threema tinha lançado uma versão profissional do seu serviço de mensagens, utilizado em particular por instituições públicas mas também por grandes empresas como a Daimler, Bosch e Thysenkrupp. Cerca de 80% dos seus usuários estão na Alemanha, Áustria e Suíça.