Por William James

CARBIS BAY, Inglaterra (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, disse nesta sexta-feira que não há dúvida de que alguns países estão usando as vacinas como uma ferramenta diplomática para obter influência, mas que seu país não apoia a chamada diplomacia da vacina.

Raab falou à Reuters nos bastidores da cúpula do G7 na Cornualha, no sudoeste da Inglaterra, que provavelmente será dominada pelas tentativas ocidentais de reafirmar sua influência no momento em que o mundo procura se recuperar da pandemia de Covid-19.

Diplomatas ocidentais temem que Rússia e China estejam usando suas vacinas para ganhar espaço em todo o mundo, especialmente em países mais pobres que não têm produção própria ou os meios para comprar doses no mercado internacional.

Indagado se receia que China e Rússia possam usar as vacinas em troca de influência, Raab respondeu: “Não há dúvida de que um pouco disto está acontecendo, e não apoiamos a diplomacia da vacina, muito menos a chantagem”.

“Achamos que temos um dever moral, mas também um interesse velado forte em vacinar o mundo.”

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, espera que o G7 concorde em doar 1 bilhão de doses de vacinas contra Covid-19 a países mais pobres durante a cúpula e ajudem a vacinar o planeta até o final do ano que vem.

Raab disse que a contribuição do Reino Unido não terá contrapartidas, e que ao menos 80% dela está sendo distribuída pela iniciativa internacional de vacinas Covax. O resto será oferecido a “países próximos estratégicos onde temos um relacionamento particular, e não, não insistimos na condicionalidade”, acrescentou.

Os Estados Unidos prometem doar 500 milhões de doses, que seu presidente, Joe Biden, insistiu que não terão contrapartidas.

“Só podemos pensar que é responsável promover vacinas que a OMS (Organização Mundial da Saúde) sancionou por serem seguras para distribuir”, disse o chanceler.

“Mas é um trabalho em equipe. E queremos que países como China e Rússia se unam para enfrentar os problemas da pandemia, mas também a mudança climática, e também que respeitem os princípios básicos da lei internacional”, disse.

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