A China recuou em diversos pontos de um acordo econômico que poderia dar fim a guerra comercial com os Estados Unidos, informou a Reuters com exclusividade após ouvir fontes no governo norte-americano e do setor privado. Segundo a reportagem, autoridades de Pequim encaminharam para Washington na última sexta-feira (3) alterações ao esboço de 150 páginas que encerraria os meses de negociações e ameaças entre as duas maiores economias mundiais. No domingo (5), Trump anunciou o aumento das tarifas.

O documento estava repleto de reconsiderações dos chineses na mudança de leis sobre diversos pontos que incitaram os Estados Unidos em entrar na disputa comercial e que haviam sido acordados entre as partes, entre eles o roubo de propriedade intelectual e segredos comerciais dos EUA, transferências forçadas de tecnologia, acesso a serviços financeiros e manipulação cambial.

A mudança de Pequim deve criar um novo empecilho nas negociações entre os dois países. Segundo o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, a mudança das leis chinesas era essencial para que um acordo fosse firmado e as tensões deixadas de lado. Lighthizer pressionou muito por um regime de cumprimento mais parecido com aqueles usados para sanções econômicas —como as adotadas sobre a Coreia do Norte ou Irã — do que um acordo comercial típico.

As tensões entre os dois países aumentaram no último domingo após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar no Twitter que iria elevar até 25% da tarifa de centenas de produtos chineses, somando aproximadamente US$ 200 bilhões. Em resposta, Pequim encaminhou para os EUA uma comitiva para manter o diálogo.

A guerra comercial entre os dois países se arrasta há meses com ameaças e respostas de retaliação. A tensão criou instabilidade no mercado financeiro internacional desde a última segunda-feira (6) e foi duramente criticada pelo FMI, que considerou a disputa uma ameaça a economia mundial.