O presidente americano, Donald Trump, comemorou abertamente neste sábado (17) a demissão do ex-vice-diretor do FBI Andrew McCabe, saudando sua partida como “um grande dia para a democracia”, enquanto outros falaram de revanche política.

Reavivando as inquietações sobre as pretensões da Casa Branca de enterrar as investigações sobre a ingerência russa nas últimas eleições americanas, conduzidas pelo procurador-especial Robert Mueller, o advogado pessoal de Trump, John Dowd, manifestou esperar que agora o Departamento de Justiça arquive o caso.

McCabe, que tinha renunciado às funções em janeiro, mas continuava sendo funcionário da Polícia Federal americana, foi demitido na sexta-feira, apenas dois dias antes de ter acesso aos benefícios completos de sua aposentadoria, algo que o círculo de Trump considerou positivo para acabar com a investigação “fraudulenta” sobre a ingerência russa nas eleições de 2016.

Pelo Twiiter, o presidente insistiu que não houve conluiu entre a Rússia e seu comitê de campanha.

“Como muitos descobrem agora, houve, ao contrário, uma enorme quantidade de vazamentos, de mentiras e de corrupção nos mais altos níveis do FBI, da Justiça e do Departamento de Estado”, acrescentou.

“Andrew McCabe DESPEDIDO, um grande dia para os homens e mulheres trabalhadores do FBI – um grande dia para a democracia”, tuitou o presidente Donald Trump pouco depois do anúncio da notícia.

– “Os americanos julgarão” –

Alvo frequente dos ataques de Trump, McCabe respondeu com força e disse ser vítima de uma “guerra” do governo contra o FBI e o procurador-especial que investiga a suposta ingerência russa.

McCabe dirigiu interinamente o FBI entre maio e agosto, após a espetacular demissão do diretor James Coney por Trump.

Antes, participou das investigações sobre os e-mails de Hillary Clinton, que a derrotada candidata democrata nas eleições de novembro de 2016 acusa de terem-na prejudicado.

No sábado, Trump voltou a criticar McCabe por ter estado perto demais de Comey e dos democratas.

O presidente acusou reiteradamente ambos de terem protegido Hillary de um julgamento por mau uso de um servidor privado de e-mails quando foi secretária de Estado.

“O moralizador James Comey era o chefe de McCabe e fez de tudo para passar po santinho. Sabia tudo sobre as mentiras e a corrupção que reinavam nas mais altas esferas do FBI”, afirmou o presidente pelo Twitter, sua rede social predileta.

Comey respondeu, também usando o Twitter, em alusão ao livro de sua autoria que será publicado em abril: “senhor presidente, os americanos ouvirão minha história em pouco tempo e poderão julgar quem é honrado e quem não é”.

– Anotações pessoais –

No comunicado em que anunciou sua demissão, o procurador-geral, Jeff Sessions, evocou erros profissionais por parte de McCabe.

Os serviços do FBI estabeleceram que McCabe havia divulgado informação à imprensa sem autorização e não havia sido totalmente honesto “em várias ocasiões” com o inspetor-geral do Departamento.

“O FBI espera adesão de todo funcionário aos mais altos padrões de honestidade, integridade”, disse Sessions no comunicado, assegurando que a decisão foi tomada após uma “extensa e justa investigação”.

O ex-número 2 do FBI já entregou ao procurador-especial suas anotações pessoais, feitas após conversas com Donald Trump, entre outros encontros, segundo reportou neste sábado a CNN.

– Lixo da História –

Ex-secretário de Justiça do presidente Barack Obama, Eric Holder, manifestou neste sábado no Twitter sua preocupação com a “perigosa decisão” de demitir McCabe.

O ex-chefe da CIA durante a administração de Obama, John Brennan, foi ainda mais crítico com a atitude do presidente republicano.

“Quando for conhecida a real dimensão da sua venalidade, da sua torpeza e da sua corrupção política, o senhor ocupará o lugar que deve ocupar entre os demagogos desonrados no lixo da História”, escreveu.