O delegado Ricardo Saadi, que caiu da Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio por pressão e ordem do presidente Jair Bolsonaro, disse que está “feliz com as homenagens” que tem recebido desde que deixou o cargo. Em uma rede social, ele postou “agradecimento especial a todos os colegas” da Superintendência do Rio. Mas manteve o silêncio e não fez comentários sobre sua queda, nem os motivos que levaram Bolsonaro a exigir sua cabeça, abrindo uma crise na cúpula da corporação.

“Feliz com as homenagens recebidas ao deixar a Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro. Agradecimento especial a todos os colegas da SR/PF/RJ”, escreveu o delegado em sua página no Linkedin.

Saadi foi exonerado no dia 30 de agosto, segundo publicação no Diário Oficial da União em portaria assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça Luiz Pontel.

Saadi detém ampla experiência em investigações sobre crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Ele comandou o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça.

A queda de Saadi foi antecipada por Bolsonaro no dia 15 de agosto, em entrevista na porta do Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente alegou “questão de produtividade” e surpreendeu a cúpula da PF que, em nota, contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha “qualquer relação com desempenho”.

A PF informou que o delegado Carlos Henrique Oliveira Sousa, da PF em Pernambuco, seria indicado para o lugar de Saadi, mas até agora o comando do Rio está vago.

A crise se alastrou na instituição e pode culminar na demissão do diretor-geral, delegado Maurício Valeixo.

Ricardo Saadi, que, em princípio, só sairia da Superintendência do Rio no início de 2020, está cotado para assumir o cargo de representante do Brasil na polícia da União Europeia, a Europol, sediada na Holanda, mas isso depende de uma série de articulações.