17/08/2022 - 6:08
O ex-primeiro ministro australiano Scott Morrison justificou nesta quarta-feira (17) o fato de ter assumido de maneira secreta poderes adicionais, como as pastas da Saúde e do Tesouro, alegando que só teria utilizado estes poderes em caso de emergência pela pandemia.
O país enfrenta uma tempestade política com a revelação das ações secretas do ex-chefe de Governo conservador, algo que o atual primeiro-ministro, Anthony Albanese, considerou a criação de um “governo paralelo”.
Em uma longa entrevista coletiva, Morrison se negou a renunciar como parlamentar, como pedem alguns de seus aliados, e justificou suas ações no contexto da pandemia de coronavírus.
“Vocês estão na costa depois do fato. Eu estava conduzindo o navio no meio da tempestade”, disse.
O ex-primeiro-ministro foi questionado por que não revelou à população, ou inclusive a vários de seus ministros, sobre a atribuição de poderes adicionais.
O líder conservador afirmou que não obteve “nenhuma vantagem pessoal” por assumir cinco pastas adicionais e que só utilizou estes poderes uma vez, para bloquear um polêmico projeto de gás.
Durante seu mandato, Morrison foi criticado com frequência por ser pouco transparente.
Sua coalizão conservadora perdeu o poder nas eleições de maio, o que acabou com quase uma década de governo de centro-direita na Austrália.
Ainda não é possível saber se Morrison enfrentará problemas políticos ou jurídicos relacionados ao escândalo.
O novo primeiro-ministro, o trabalhista Anthony Albanese, pediu ao procurador-geral que examine se o antecessor pode ser processado.
Albanese afirmou que as ações de Morrison foram “fundamentalmente uma destruição do nosso sistema democrático”.