Morreu nesta terça-feira, 15, aos 91 anos, o executivo Boris Tabacof, com passagens por grandes empresas do País, sendo a mais marcante a companhia de papel e celulose Suzano. De acordo com a família, a morte foi causada por complicações de pneumonia e idade avançada.

Em comunicado, a Suzano afirmou: “É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento do sr. Boris Tabacof, executivo cuja trajetória profissional se confunde com a história quase centenária da Suzano”.

De acordo com a companhia, Tabacof participou de diversos momentos marcantes da empresa, incluindo a abertura de capital, na década de 1980, e a construção da fábrica em Mucuri, na Bahia.

A atuação do executivo na Suzano teve início em 1975 e ao longo desse período ocupou, entre outras posições, a presidência do conselho de administração da Suzano Holding, de 2013 a 2018. Ele também teve papel primordial no processo de transição de gestão da empresa para profissionais de mercado.

Tabacof nasceu na Bahia e era filho de imigrantes judeus que vieram do Leste Europeu. Na década de 1950, se formou em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade da Bahia. Mas, até antes do início da vida acadêmica, ainda no ensino médio, ele entrou para o Partido Comunista do Brasil (PCB).

O passado no Partido Comunista, em que chegou a ocupar cargos importantes, custou um período de 400 dias na prisão durante o governo Getúlio Vargas. Em 1952, ele foi confinado em celas no Forte do Barbalho, em Salvador, onde foi torturado por vários dias com espancamentos e privação de sono.

Tabacof em 2013 foi a primeira pessoa a relatar à então Comissão Nacional da Verdade (CNV) a respeito de torturas cometidas por agentes do Estado antes de 1964.

Depois de sair da prisão, passou a atuar tanto na política quanto no mundo empresarial. Em 1963, Tabacof participou da campanha de Lomanto Junior ao governo da Bahia, o qual sagrou-se vencedor. Com isso, Tabacof passou a ocupar o cargo de secretário da Fazenda do Estado, além de atuar como professor da faculdade de economia da Universidade Católica de Salvador.

Iniciativa privada

Foi a partir da década de 1970 que Tabacof foi para a iniciativa privada, onde obteve os seus maiores êxitos profissionais. Ele começou no Grupo Safra como diretor superintendente e foi um dos principais responsáveis por expandir os negócios do banco pelo País.

Em 1976, decidiu deixar o setor financeiro e aceitou o convite de Max Feffer, da Suzano, para explorar o setor industrial. Tabacof trabalhou durante décadas na empresa de papel e celulose. Entre 1988 e 1989, fez mais uma incursão no mercado financeiro, desta vez como presidente do Banespa, mas logo depois voltou para a Suzano.

Durante a sua carreira, participou de várias entidades de classe. Foi vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento (Anbid), diretor do departamento de economia da Federação Nacional das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e membro do conselho de administração da fabricante aeronáutica Embraer.

“A história de cada um de nós pode ser medida pela contribuição deixada às gerações futuras, e Boris Tabacof será sempre lembrado como uma referência de pessoal e profissional”, completou a Suzano, em nota.