O ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, morreu aos 67 anos após ter sido baleado nesta sexta-feira (08/07) durante um evento de campanha para eleições parlamentares, noticiou a imprensa japonesa. Segundo a imprensa do país, um homem abriu fogo com uma arma aparentemente caseira.

O atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, condenou o ataque, ocorrido na cidade de Nara, no oeste do Japão, e líderes internacionais expressaram choque diante do atentado em um país no qual a violência política é rara e armas de fogo são rigidamente controladas.

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“Este ataque é um ato de brutalidade que aconteceu durante as eleições – o fundamento da nossa democracia – e é absolutamente imperdoável”, disse Kishida, acrescentando ainda não ter informações sobre a motivação do atentado.

Um porta-voz do Corpo de Bombeiros afirmou que Abe parecia estar num estado de parada cardíaca quando foi transportado de helicóptero para um hospital.

A polícia afirmou que um homem de 41 anos, residente em Nara, suspeito de executar o ataque foi detido. A emissora NHK noticiou que o suspeito, identificado como Tetsuya Yamagami, disse à polícia que estava insatisfeito com Abe e queria matá-lo. Segundo a mídia, o homem serviu ao Exército japonês por três anos, até 2005.

Abe, que foi primeiro-ministro entre 2012 e 2020, estava fazendo um discurso diante de uma estação de trem quando dois tiros foram disparados, por volta das 11h30 (hora local). A seguir, forças de segurança foram vistas detendo um homem.

“Houve um barulho alto e depois fumaça”, disse o empresário Makoto Ichikawa, que estava no local, à agência de notícia Reuters, apontando que a arma tinha o tamanho de uma câmera de televisão.

A agência de notícia Kyodo publicou uma foto de Abe deitado de barriga para cima numa rua, com sangue em sua camisa branca. Uma multidão o rodeava, e uma pessoa realizava massagem cardíaca.

Os serviços de emergência de Nara afirmaram que Abe foi ferido no lado direito de seu pescoço e na clavícula esquerda.

Ataque sem precedentes

Airo Hino, professor de Ciências Políticas na Universidade Waseda afirmou que um ataque a tiros desse tipo é algo sem precedentes no Japão. “Nunca ocorreu algo assim”, disse.

Políticos japoneses de alto escalão são acompanhados por agentes de segurança armados, mas frequentemente chegam perto do público, especialmente durante campanhas políticas, quando fazem discursos e dão a mão para cidadãos.

Após dois mandatos como premiê, Abe renunciou em 2020 citando motivos de saúde. Mas ele se manteve como uma figura influente no Partido Liberal Democrata. Kishida, apadrinhado político de Abe, suspendeu sua campanha eleitoral após o atentado contra o ex-premiê. Todos os principais partidos do país condenaram o ataque.

Condenação internacional

Líderes internacionais manifestaram choque e solidariedade após o ataque a Shinzo Abe.

“A França está com o povo japonês”, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, num texto divulgado no Twitter.

“Estou chocada com a notícia do ataque contra Shinzo Abe. Os nossos pensamentos estão com ele e sua família”, disse a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock.

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, expressou “comoção” em relação ao atentado que considerou “covarde”.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se disse profundamente chocado com o “odioso” atentado contra Abe.

“Seguimos a evolução da situação e esperamos que [Shinzo Abe] venha a ficar fora de perigo e que consiga restabelecer-se rapidamente”, disse o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Zhao Lijian.

lf (Reuters, AFP, Lusa)