Ministra do Meio Ambiente na gestão Dilma Rousseff, a bióloga Izabella Teixeira refutou as críticas feitas pelo ministro Sarney Filho de que a responsabilidade pela alta do desmatamento é de sua gestão. Ao Estado, ela disse que nunca cortou a fiscalização do Ibama (responsável pelas ações de comando e controle na Amazônia) e defendeu que o motivo pelo qual o governo da Noruega decidiu reduzir o repasse para o Fundo da Amazônia se deu não somente pela alta do desmatamento, mas também por retrocessos ambientais no País.

“Na carta que o ministro do Meio Ambiente da Noruega (Vidal Helgeser) enviou ao Sarney, ele elogia o Brasil até 2014 e aponta sinais que o Brasil está dando de possíveis retrocessos na área ambiental”, comenta.

Ela cita como exemplo ações da bancada ruralista no Congresso para o desmonte do licenciamento ambiental e a redução de unidades de conservação na Amazônia. Para Izabella, isso passou um sinal de “liberou geral” que incentiva o desmatamento e teria sido mal visto pelos noruegueses. “O corte é um alerta para evitar retrocessos, para apoiar que o ministério avance nas políticas ambientais, para que a agricultura não seja desmatadora.”

A ex-ministra, que registrou durante a sua gestão a menor perda florestal desde o início do monitoramento da Amazônia – em 2012 a taxa foi de 4.571 km² -, observou também duas altas consecutivas nos dois últimos anos à frente da pasta.

Mas ela nega que a alta é fruto de uma fiscalização menor, causada pela redução de verba da pasta. De 2015 para 2016, o orçamento do Ibama teve perda de 30% – coincidência ou não, foi quanto subiu o desmatamento. “A gente cortava em outros lugares, mas o ministério nunca tirou dinheiro da fiscalização. O Ibama teve corte, mas a fiscalização não foi cortada”, disse. “Mas o problema é maior, precisava de uma Lava Jato para a Amazônia para enfrentar a corrupção associada ao desmatamento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.