A Localiza Hertz foi denunciada em rede social por uma ex-funcionária de homofobia. Demitida da empresa em maio, Uiara Cavalcanti postou em seu perfil do Facebook que foi desligada após seu ex-chefe afirmar que ela mantinha relações com a colega de trabalho com quem divide uma casa e que também foi desligada da rede logo em seguida.

Em postagem do último domingo (28), Uiara disse que no dia 6 de maio foi chamada para ir à sede da Localiza trocar seu computador por um notebook, mas acabou surpreendida pela demissão.

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“Chegando lá não tinha nenhum notebook, ele apenas me pediu para assinar a minha rescisão contratual e devolver o meu crachá sob o argumento de que eu tinha um relacionamento ‘gay’ (homoafetivo) com outra funcionária, que aliás, também foi demitida”, conta Uiara no post.

Segundo o relato, o ex-chefe afirmou que enviou uma outra funcionária a casa das duas para saber onde elas dormiam e se havia dois quartos na casa. Ele disse que elas eram vigiadas 24 horas dentro e fora da empresa e que ele não poderia ser acusado de racismo por ser negro.

“Esclareço que esse suposto relacionamento não existe, somos apenas amigas. Ainda que existisse não consigo admitir que a Localiza, que tanto se orgulha de ser uma das melhores empresas para se trabalhar no país, podia concordar com esse tratamento desigual por motivo desqualificante e injusto, que implicou nas nossas demissões”, continuou Uiara.

Ela conta que estava tranquila por ocupar o cargo de executiva de vendas internas e que a empresa havia combinado que não demitiria alguém da sua função já que, segundo diz, estes seriam os “profissionais que colocariam os carros de volta nas ruas durante e pós pandemia”.

O caso foi levado para a diretoria-executiva da Localiza, mas o setor de Recursos Humanos disse que não foram encontrados indícios de discriminação na demissão. À Folha de São Paulo, a Localiza afirmou que os desligamentos ocorreram há 40 dias em razão de ajustes de rotatividade.

Ressaltou que as demissões foram feitas com critérios técnicos e que ouviu todos os envolvidos, mas não identificou indícios de uma decisão incompatível com os valores da companhia. Apesar disso e da “convicção nos processos instaurados”, a Localiza contratou uma auditoria externa para avaliar o caso.

“Acreditava que esta empresa era realmente inclusiva, justa e cidadã, porém, diante dos fatos percebo que é só mais uma empresa homofóbica, que faz campanhas publicitárias promovendo a diversidade para vender milhões para a comunidade LGBTQI, mas que nos seus bastidores discriminam, constrangem, reprimem e demitem seus funcionários”, argumentou Uiara na postagem.