O ex-ditador sul-coreano Chun Doo-hwan, que reprimiu brutalmente a oposição até ser derrubado por grandes manifestações, morreu nesta terça-feira (23) aos 90 anos, segundo a imprensa do país.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap informou que Chun morreu em sua casa em Seul.

O general Chun Doo-hwan tomou o poder em um golpe após o assassinato do mandatário Park Chung-hee em 1979.

Durante seu mandato, entre 1980 e 1988, a economia decolou e Seul foi escolhida para sede das Olimpíadas de 1988, realizadas pouco depois dele se tornar o primeiro líder sul-coreano a transferir o poder pacificamente.

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No entanto, a memória da dura repressão e o punho de ferro de sua ditadura ainda o mantêm hoje como uma das figuras mais criticadas do país.

Na verdade, Chun é conhecido como o “açougueiro de Gwangju” pela repressão do exército a um levante popular contra seu poder naquela cidade no sudoeste do país.

O balanço oficial estima que 200 pessoas morreram ou desapareceram nesses eventos, embora os ativistas garantam que as perdas podem ser três vezes maiores.

Em 1996, Chun foi condenado por traição e sentenciado à morte pelo seu envolvimento naquele massacre, embora a execução tenha sido comutada na fase de recurso e posteriormente foi libertado graças a um perdão presidencial.

O ex-ditador sempre negou sua participação direta na repressão que ele e outros políticos de extrema direita reduzem a meros “motins”.

Durante sua gestão, o autocrata sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Durante uma visita oficial à Birmânia em 1983, agentes norte-coreanos tentaram matá-lo durante uma cerimônia de oferenda de flores.

Chun teve que lidar com batalhas judiciais até sua morte. No ano passado, ele foi considerado culpado de difamação em conexão com o massacre de Gwangju.