Um ex-assessor de confiança do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, defendeu-o nesta quarta-feira (6) no Parlamento das acusações de interferência na prisão no julgamento de um gigante corporativo que submeteu-o a sua pior crise desde que chegou ao cargo.

O governo liberal de Trudeau foi abalado pelo escândalo, que levou à renúncia de dois de seus ministros e abalou a imagem do primeiro-ministro.

Gerry Butts, que participou da campanha de Trudeau e é seu amigo pessoal, renunciou ao cargo de secretário de gabinete no mês passado, afirmando não querer se tornar uma distração enquanto o governo se prepara para duras eleições gerais, daqui a oito meses.

Ao depor ante o comitê de justiça da Câmara dos Comuns, Butts negou as acusações da ex-procuradora-geral Jody Wilson-Raybould – cuja renúncia abrupta no mês passado levou à crise.

“Estou firmemente convencido de que aqui não aconteceu nada além das operações normais do governo”, disse Butts.

O escândalo é centrado nas denúncias de que o círculo próximo de Trudeau interveio para proteger a gigante canadense de engenharia SNC-Lavalin em um julgamento sobre um caso de suborno.

A empresa com sede Montreal é acusada por corrupção por supostos pagamentos entre 2001 e 2011 para garantir contratos do governo líbio de Muamar al Kadafi.

A SNC-Lavalin pressionou abertamente o governo canadense para chegar a um acordo extrajudicial – que significa o pagamento de uma multa e outras condições de um trato.

A condenação, segundo a empresa, colocaria em risco a existência do negócio e poderia deixar milhares de pessoas sem emprego. Wilson-Raybould se negou a pedir aos procuradores que chegassem a um acordo e espera-se que o julgamento continue.

Desde que deixou o cargo, ele disse que experimentou “pressão constante” do círculo interno de Trudeau para interferir no caso, incluindo “ameaças secretas”.

Trudeau nega as acusações e diz que deixou claro para Wilson-Ray que qualquer decisão sobre o caso dependeria apenas dela.

“Tudo o que pedimos à procuradora-geral foi considerar uma segunda opinião, quando há 9.000 empregos em jogo, é um problema de política pública”, disse Butts.