A eurodeputada alemã Pierrette Herzberger-Fofana, 71, negra, denunciou nesta quarta-feira, no plenário da Eurocâmara, ter sido vítima de violência policial na Bélgica na véspera de um debate sobre o racismo, versão rebatida pela polícia do país.

A eurodeputada ambientalista, nascida em Bamako, contou que, na véspera, nos arredores da Estação do Norte de Bruxelas, viu nove policiais “intimidarem dois jovens negros”, cena que gravou com seu celular.

ONU retoma debates sobre racismo e violência policial no mundo

Trump faz modesta reforma policial ante protestos contra racismo e abusos

Brasileiro reconhece racismo, mas critica ‘politicamente correto’, diz pesquisa

Segundo o relato de Pierrette, os policiais dirigiram-se até ela, tomaram seu telefone e quatro deles a empurraram “brutalmente contra um muro”, com as pernas separadas, antes de fazerem uma revista. “Fui tratada de forma humilhante. Quando disse que era eurodeputada, não acreditaram. Isso porque eu estava com meus dois passaportes: o do Parlamento Europeu e o alemão”, assinalou.

Audrey Dereymaeker, porta-voz da polícia, rebateu o relato, mas confirmou que a deputada passou por um controle de identidade e disse que ela seria investigada por insultar os oficiais: “Ela quis intervir” durante um controle de dois suspeitos, “filmou a cena e, primeiramente, negou-se a se identificar quando lhe foi solicitado. Depois, mostrou os documentos”, tudo isso sem violência, afirmou.

Audrey informou que os agentes fizeram um relato do ocorrido, que transmitiram hoje à promotoria por comportamento agressivo. A porta-voz da promotoria Willemien Baert confirmou o recebimento.

O presidente da Eurocâmara, David Sassoli, expressou apoio à eurodeputada, bem como o líder do grupo ambientalista, o belga Philippe Lamberts, que classificou a atuação da polícia de ‘intolerável’.