O euro segue perdendo valor em comparação com o dólar. Na manhã de hoje (12/07), em Londres, a moeda única europeia fechou a US$ 1,0011 por dólar, queda de 0,3% em relação à segunda-feira (11). No momento de maior baixa, as cotações chegaram a US$ 1,00005 euro por dólar, abaixo do mínimo registrado em dezembro de 2002.
Na prática, o euro e o dólar têm o mesmo valor, o que representa uma mudança drástica em relação aos últimos anos. Desde 2002, a moeda europeia vale de 10% a 30% mais que o dólar.
Em si, essa paridade não é tão importante: na prática, o euro valer 0,9999 dólar é o mesmo do que ele valer 1,0001 dólar. Porém, o rompimento desse “nível psicológico” indica as preocupações do mercado com relação ao futuro da economia europeia.
Há muito desconhecimento em relação aos mercados cambiais, mas seu funcionamento é parecido com o de qualquer outro mercado, de ações a tomates. A diferença é que é o mercado mais líquido do mundo, tem um número enorme de participantes e muitos instrumentos. A maioria dos derivativos (opções, contratos futuros e swaps) surgiram a partir de negócios com moedas. Isso tende a estabilizar os preços em momentos de calma, mas também amplifica as oscilações nas horas de incerteza, como a que está ocorrendo agora.
O que está derrubando os preços é o fato de a maioria dos investidores estar vendendo ativos europeus, como ações e títulos públicos e privados, e migrando para aplicações em dólar.
A explicação é simples: com preços dos combustíveis em alta, escassez de entrega de gás por parte da Rússia para gerar energia na Europa e a dificuldade do Banco Central Europeu (BCE) em elevar os juros para conter a inflação, as perspectivas para a economia europeia são ruins. Os países deverão ter baixo crescimento econômico e alta dos preços, um cenário clássico de estagflação.
O aumento do custo da energia na Europa também preocupa. O Nord 1, o maior gasoduto que transporta gás natural russo para a Alemanha, entrou em manutenção anual, com uma paralisação prevista para dez dias. Porém, esse prazo pode ser estendido devido ao conflito na Ucrânia. O temor dos investidores é que isso afete ainda mais o fornecimento de gás e leve a economia da zona do euro à recessão. Para piorar, o moral dos negócios também está se deteriorando, com mais preocupações com uma recessão. O sentimento dos investidores alemães caiu acentuadamente em julho.
Também no topo da lista de preocupações dos investidores está o fato de que um número crescente de cidades chinesas, incluindo Xangai, está adotando novas restrições à mobilidade nesta semana. A meta é conter novas infecções por uma subvariante Ômicron do coronavírus altamente transmissível.
Por tudo isso, é bastante provável que os investidores sigam vendendo ativos financeiros denominados em euros e migrem para o dólar, considerado uma moeda de proteção. A oscilação do câmbio é a melhor indicação do pessimismo do mercado com a economia europeia, algo que deve demorar para melhorar.