O diretor da consultoria norte-americana de risco político Eurasia, Christopher Garman, avalia que “dois ou três anos de debates sobre a reforma da Previdência fizeram diferença” e hoje parece haver consenso em Brasília de que “alguma reforma” é necessária. “Parece que o ambiente está mais favorável para a aprovação”, disse ele em evento do Itaú Unibanco na capital paulista.

Garman destacou que a reforma da Previdência não é popular, talvez tenha ficado “menos impopular” que no passado após os debates nos últimos anos.

A Eurasia prevê que o texto possa sofrer desidratação e a economia fiscal se reduzir a algo entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões em 10 anos.

No mesmo painel, Rodrigo Garcia, vice-governador e secretário de governo de Estado de São Paulo, declarou estar otimista com a possibilidade de aprovação hoje da admissibilidade da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Garcia ressaltou que há mais consciência na sociedade sobre a necessidade das medidas que alteram as aposentadorias. Ele destacou que hoje é possível se conversar mais facilmente com deputados sobre o tema. “A sociedade sente necessidade da reforma para melhorar a vida.”

Garcia destacou ainda que, apesar do consenso sobre a necessidade da reforma, não se sabe ainda qual reforma vai sair do Congresso. Se a economia fiscal ficar muito menor que o texto original proposto por Jair Bolsonaro, de R$ 1,1 trilhão em 10 anos, vai ser necessária outra reforma em breve.

Governo convicto

Pelo lado do governo federal, o secretário da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o governo segue convicto de que vai conseguir aprovar uma reforma da Previdência com economia fiscal em 10 anos de no mínimo R$ 1,1 trilhão, apesar de o mercado estar convencido de que o valor deve ser menor. “Desidratação é a palavra do momento, mas acho que Congresso será sensato”, disse, durante apresentação no evento do Itaú Unibanco.

Mattar defendeu a redução do tamanho do Estado e a privatização de várias estatais em sua apresentação. “Não existe estatal eficiente, se é eficiente não precisa de monopólio para sobreviver. O governo tem que cuidar da segurança, das relações exteriores e da defesa e precisa sair dos negócios”, comentou.

O Brasil tem dívida pública de R$ 3,8 trilhões, ressaltou o secretário. “Esse é o legado da social-democracia para o Brasil.” Mattar reforçou que esse número precisa ser reduzido e que a meta com as privatizações este ano é arrecadar no mínimo US$ 20 bilhões. Para reduzir esta dívida, uma das soluções imediatas é vender ativos, afirmou ele.

O secretário citou que o país tem 134 estatais e 743,322 mil imóveis, números que precisam ser reduzidos. “O patrimônio da União é uma monstruosidade.”