18/03/2022 - 1:50
Começou de forma mais escancarada a guerra por trás da guerra. Diplomatas dos Estados Unidos vazaram a jornalistas informações, veiculadas domingo (13), de que a Rússia pediu à China ajuda militar para invadir a Ucrânia. Além disso, Moscou teria solicitado também auxílio econômico para amenizar os impactos das sanções disparadas por americanos e europeus. Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, se reuniu em Roma com Yang Jiechi, membro de elite do Partido Comunista Chinês e diretor da Comissão Central de Relações Exteriores do partido. “Estamos comunicando diretamente a Pequim que haverá consequências [à China] se ocorrerem esforços de driblar as sanções em larga escala ou de apoio à Rússia”, disse Sullivan à CNN no domingo. “Não permitiremos que isso avance e que haja uma tábua de salvação para a Rússia de qualquer país, em qualquer lugar do mundo.” Ele não fez nenhuma menção explícita ao suposto apoio militar da China, mas outras autoridades americanas falaram a respeito do tema sob condição de anonimato, como sempre.
FUTEBOL
Chelsea sob nova direção
Um dos principais efeitos colaterais da invasão da Ucrânia no mundo dos esportes – depois do banimento da Rússia de competições – é a passagem de bastão do londrino Chelsea FC das mãos do magnata russo Roman Abramovitch, que comprou o clube em 2003 por 140 milhões de libras. Desde então, teria investido outros 1,5 bilhão de libras, especialmente em contratações. A família Ricketts, dona do time de beisebol Chicago Cubs, e o bilionário investidor americano Ken Griffin se juntaram para fazer uma oferta de compra. Sob Abramovitch, o Chelsea mudou de patamar e venceu cinco títulos da Premier League (principal campeonato inglês) e duas Champions League (principal europeu), além do Mundial de Clubes de 2021, sobre o Palmeiras, em fevereiro. Segundo a Forbes, o time inglês é o sétimo mais valioso do futebol mundial: US$ 3,2 bilhões.
MOMENTO X9
Brasil trai até espiões
Jonathan Toebbe, de 42 anos, e sua mulher, Diana, de 45, foram presos no fim do ano passado acusados de se apoderar de segredos militares americanos relacionados a submarinos nucleares e tentar vendê-los a um país. Ele, um engenheiro e ex-estudante de doutorado no tema. Ela, professora. Queriam dinheiro para se livrar dos problemas financeiros da família. Escolheram o cliente a dedo: Brasil. Segundo o jornal The New York Times, o casal tentou vender em abril de 2020 os dados à inteligência brasileira. Assim que contatada, nossa central de arapongas entregou o casal ao FBI, que os monitorou desde então. Os dois se declararam culpados em fevereiro. Ele deve cumprir 17 anos de prisão. Ela, três.
SAÚDE PÚBLICA
Covid tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro
Votar no Bolsonaro mata. No mínimo essa é uma das conclusões – científicas – do estudo intitulado Involvement of Political and Socio-economic Factors in the Spatial and Temporal Dynamics of Covid-19 Outcomes on Brazil: A Polulation-Based Study, de autoria de Christovam Barcellos, Diego R. Xavier, Eliane Lima e Silva, Flávio Alves Lara, Gabriel R.R. Silva, Helen Gurgel e Marcus F. Oliveira. Os pesquisadores utilizaram dados de mortalidade entre fevereiro de 2020 e junho de 2021 em todas as 5.570 cidades brasileiras e cruzaram com os votos em segundo turno nas eleições de 2018. De acordo com o documento, “os municípios que apoiaram Jair Bolsonaro foram os que apresentaram as piores taxas de mortalidade por Covid-19, principalmente durante a segunda onda epidêmica de 2021 – esse padrão foi observado mesmo considerando as desigualdades estruturais entre as cidades.” Parâmetros socioeconômicos, incluindo categorias índices de renda e desigualdade, qualidade dos serviços de saúde e partidarismo foram levados em consideração. “Em geral, a primeira fase da pandemia atingiu com mais força as cidades grandes e centrais, enquanto a segunda onda impactou principalmente os municípios bolsonaristas, onde o negacionismo científico entre a população foi mais forte.” À colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Christovam Barcellos, um dos pesquisadores, afirmou que “municípios médios com IDH alto e bolsonaristas têm quase o dobro da taxa de mortalidade em relação a municípios de igual estatura”.
CLIMA ESQUENTA
Conselho da Shell na parede
Treze executivos na parede – boa parte deles do Conselho de Administração da da britânica e centenária Shell. A encrenca foi iniciada pelo escritório de advocacia ambiental ClientEarth, que notificou judicialmente a Shell pelo que afirma ser o fracasso do Conselho de implementar uma estratégia climática que realmente se alinhe com o Acordo de Paris, ratificado pela Inglaterra. “A Shell está seriamente exposta aos riscos das mudanças climáticas, mas seu plano climático é fundamentalmente falho”, disse Paul Benson, advogado da ClientEarth, em comunicado. Se o caso legal for bem-sucedido, o tribunal poderá forçar o Conselho da Shell a alinhar sua estratégia climática com as metas do Acordo de Paris de 2015. Em resposta à ação legal, a Shell disse à rede CNBC por e-mail que estava cumprindo sua estratégia global em relação ao Acordo de Paris – que visa buscar esforços para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
PAÍS SEM DINHEIRO
Famílias endividadas
Pesquisa feita pelo FGV Ibre mostra que seis em cada dez famílias com renda de até R$ 2,1 mil mensais estão inadimplentes, porcentual que retrocede conforme aumenta a renda: vai para 38% entre as que ganham de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil, desce para 24% na faixa entre R$ 4,8 mil e 9,6 mil e estaciona em 10% entre as que têm ganhos acima de R$ 9,6 mil. Os principais motivos para não conseguir sair do sufoco das prestações em atraso são, pela ordem, Aumento dos Preços (30%), Dificuldade de Aumentar a Renda (26%) e Dificuldade em Arrumar Emprego (17%).