A economia dos Estados Unidos perdeu empregos em dezembro pela primeira vez desde abril, afetada por restrições de mobilidade e o fechamento de comércios para combater o agravamento da pandemia de coronavírus.

Um total de 140.000 empregos nos EUA foram perdidos em dezembro, de acordo com números divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta sexta-feira(8), uma perspectiva muito pior do que a prevista pelos analistas, que estimavam a criação de 112.000 empregos.

A taxa de desemprego ficou estável em relação a novembro, em 6,7%, em linha com as expectativas, sinal de que a participação no mercado de trabalho está reduzindo.

O ministério também revisou para cima o número de novos empregos em novembro para 336.000. O número de desempregados manteve-se em 10,7 milhões.

Desde maio, o mercado de trabalho cresceu e conseguiu recuperar boa parte dos 22 milhões de empregos perdidos entre março e abril, quando ocorreu o impacto inicial da pandemia.

“Em dezembro, as perdas de empregos no setor de entretenimento e hotelaria e na educação privada foram parcialmente compensadas por aumentos (de postos) nos serviços para profissionais e empresas, comércio varejista e construção”, explicou o Departamento do Trabalho.

As perdas de empregos se devem “quase inteiramente à extinção de meio milhão de postos no setor de lazer e hospitalidade, com o frio e o vírus causando sérios danos”, disse Gregory Daco, analista da Oxford Economics.

A covid-19 está em pico nos Estados Unidos desde o outono, o que levou a novas medidas para tentar impedir o avanço da pandemia.

Os primeiros afetados foram bares e restaurantes, que em muitas cidades tiveram que fechar o atendimento local ou reduzir o horário.

Assim, o número de pessoas que entraram no desemprego temporário e acabaram por perder definitivamente o emprego segue crescendo e já atinge 3 milhões de trabalhadores.

Existem 4 milhões de desempregados de longa duração nos Estados Unidos, ou seja, há mais de 27 semanas, mesmo número que foi registrado em novembro.

A taxa de desemprego atingiu 14,8% da população economicamente ativa em abril, mas vem caindo desde então.

A taxa de desemprego de 6,7% ainda é praticamente o dobro dos 3,5% registrados em fevereiro, antes da pandemia, quando estava em seu índice mais baixo em 50 anos.

– Abandono –

Este relatório de emprego é o último da era Trump antes da chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca em 20 de janeiro.

A estabilidade da taxa de desemprego é explicada pelo fato de um número crescente de desempregados ter deixado de procurar um novo posto.

Muitas mulheres tiveram que deixar seus empregos para cuidar de seus filhos, pois muitas escolas, tanto públicas quanto privadas, não conseguiram reabrir nos Estados Unidos.

Soma-se a essa situação a redução da renda dos trabalhadores autônomos.

Em meados de dezembro, cerca de 19 milhões de pessoas estavam recebendo seguro-desemprego de uma variedade de programas.

– Expectativa de um novo plano de reativação –

Esses milhões de desempregados receberam boas notícias durante as festas de fim de ano, quando o Congresso chegou a um acordo para um novo pacote de ajuda que foi ratificado por Donald Trump.

Assim, têm a certeza de receber até março um subsídio de 300 dólares semanais.

Essas medidas poderiam, em contrapartida, aumentar a adesão ao seguro-desemprego em janeiro.

Pagamentos de cerca de 600 dólares por pessoa que atendem a certos requisitos de renda foram depositados nos primeiros dias de 2021 nas contas bancárias de muitas famílias.

Biden prometeu que os 900 bilhões de dólares desbloqueados até o final de 2020 serão por conta de um plano de reativação massivo que ele espera aprovar quando chegar ao poder.

Os democratas conseguiram obter o controle das duas casas do Congresso, dando ao presidente liberdade para agir.