Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (27) a suspensão de sua cooperação com o Ministério Público da Guatemala, depois que o principal promotor anticorrupção foi destituído e fugiu do país temendo por sua segurança.

O governo do presidente Joe Biden, que considera a luta contra a corrupção uma prioridade fundamental, disse que o afastamento do promotor Juan Francisco Sandoval evidenciou a falta de “boa-fé” da procuradora-geral, Consuelo Porras, chefe do Ministério Público da Guatemala.

“Como resultado, perdemos a confiança na procuradora-geral”, disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Jalina Porter. “O governo dos Estados Unidos está interrompendo temporariamente a cooperação programada com o Ministério Público, enquanto realizamos uma revisão do nosso acompanhamento das atividades lideradas pela procuradora-geral”, acrescentou.

Jalina enfatizou que o governo dos EUA está “observando de perto ações adicionais que podem minar o Estado de Direito ou a independência judicial na Guatemala”.

Sandoval, premiado no início deste ano pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, por suas campanhas anticorrupção, liderou a Promotoria Especial contra a Impunidade (Feci). Na sexta-feira, ele foi demitido por Consuelo Porras após denunciar a falta de apoio à sua gestão.

Sandoval disse que encontrou muitos obstáculos em seu trabalho na Feci e que lhe disseram para não investigar o presidente Alejandro Giammattei sem o consentimento da procuradora-geral. O promotor argumentou que isso seria “contra a autonomia e independência” da Feci.

“Sua destituição mina o Estado de Direito e fortalece a impunidade. Os guatemaltecos merecem coisa melhor”, disse Blinken no domingo no Twitter.

O governo Biden considera que a corrupção é um fator que impulsiona a migração irregular para os Estados Unidos, fenômeno que se agravou nos últimos meses, com a chegada de centenas de milhares de guatemaltecos e outros centro-americanos à fronteira sul do país.