Os Estados Unidos impuseram nesta quarta-feira (30) sanções econômicas ao general cubano Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, chefe do conglomerado empresarial militar mais poderoso da ilha e ex-genro do ex-presidente Raúl Castro, apontando-o por ação contra os povos de Cuba e da Venezuela.

Rodríguez López-Calleja, diretor do Grupo de Administação Empresarial SA (GAESA) de Cuba, foi incluído na lista no Centro de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro, informou em comunicado o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo.

Isso supõe o congelamento de todos os ativos de Rodríguez López-Calleja sob a jurisdição dos Estados Unidos e a proibição de todas as transações financeiras envolvendo pessoas físicas e jurídicas americanas.

“A receita gerada pelas atividades econômicas do GAESA é usada para oprimir o povo cubano e financiar a dominação parasitária e colonial de Cuba sobre a Venezuela”, afirmou Pompeo.

“A medida de hoje demonstra o compromisso de longa data dos Estados Unidos em acabar com as práticas econômicas que beneficiam desproporcionalmente o governo cubano ou seus militares, agências de inteligência e segurança ou pessoal, às custas do povo cubano e venezuelano”, acrescentou.

Cuba é um aliado fundamental do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, considerado por Washington como um ditador, que impulsiona sua saída do poder por meio de uma série de sanções.

Os Estados Unidos e Cuba, rivais desde a revolução de Fidel Castro, em 1959, experimentaram uma reaproximação histórica promovida pelos ex-presidentes Barack Obama e Raúl Castro, que permitiu o restabelecimento das relações diplomáticas em 2015.

Mas com a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 2017, Washington reforçou o bloqueio econômico à ilha que está em vigor desde 1962, em menção às violações dos direitos humanos do povo cubano e o apoio de Havana ao governo de Maduro.

Em novembro de 2017, o governo Trump incluiu o GAESA e o Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (Minfar), ao qual pertence, em uma lista de instituições cubanas proibidas de realizar transações financeiras com cidadãos e empresas americanas, no âmbito de um memorando sobre o “fortalecimento da política para Cuba” publicado em junho do mesmo ano.

A GAESA, um holding estatal que abrange hotéis, supermercados e até serviços portuários e aduaneiros, controla grandes setores da economia desde a década de 1990, em especial o turismo, motor econômico da ilha.

Questionado pela AFP, John Kavulich, especialista em relações entre Washington e Havana, disse que a inclusão do general Rodríguez López-Calleja na lista da OFAC “não é surpreendente, dado seu papel no GAESA”, antecipando que Washington continuará a mirar no conglomerado cubano independentemente de quem vença as eleições de 3 de novembr.

“O governo Trump continua focando, como um raio laser, em qualquer atividade econômica cubana relacionada com as Forças Armadas Revolucionárias (FAR)” da ilha, explicou, lembrando que um possível governo de Joe Biden, ex-vice-presidente de Obama, continuará agindo de forma similar.

Rodríguez López-Calleja, filho de Guillermo Rodríguez del Pozo, um líder comunista histórico falecido, era casado com a primogênita de de Raúl Castro, Deborah Castro.