Os Estados Unidos se aproximam nesta segunda-feira (22) das 500 mil mortes por coronavírus, enquanto a vacinação oferece um vislumbre de esperança no mundo, como na Inglaterra, que se prepara para um “prudente” desconfinamento.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, denunciou, porém, o “nacionalismo das vacinas”, apontando que “apenas 10 países distribuíram mais de três quartos das doses das vacinas anticovid administradas até agora”.

No mundo, a pandemia acumula mais de 2,46 milhões de mortes, de acordo com um balanço da AFP estabelecido nesta segunda-feira.

Depois de quase um ano do anúncio da primeira morte nos Estados Unidos, em 29 de fevereiro de 2020, o balanço está perto do meio milhão. Segundo contagem da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, o coronavírus já fez, até o momento, 498.901 vítimas fatais.

“Não vimos nada parecido em 100 anos, desde a pandemia de 1918”, disse no domingo Anthony Fauci, conselheiro do presidente Joe Biden. “É algo que ficará para a história”, afirmou.

Os Estados Unidos, país mais afetado pela covid-19, ultrapassaram 400 mil mortes em janeiro, às vésperas da posse de Biden, que fez do combate à pandemia sua principal prioridade.

“500.000! Isso representa 70.000 a mais do que todos os americanos mortos durante a Segunda Guerra Mundial, em um período de quatro anos”, exclamou Biden na sexta-feira.

O presidente concentra suas esperanças no ritmo de vacinação. “Acho que chegaremos mais perto do normal até o final deste ano”, estimou.

Com uma média de 1,7 milhão de injeções diárias, número que deve aumentar nas próximas semanas, Biden se mostrou confiante em atingir a inoculação de 600 milhões de doses – ou seja, vacinar toda a população – até o final de julho.

Mais de 61 milhões de pessoas receberam uma das duas vacinas autorizada nos Estados Unidos (Pfizer/BioNTech e Moderna), e 18 milhões as duas doses necessárias.

– “Prudente” desconfinamento” –

Na Grã-Bretanha, o país europeu mais atingido com mais de 120.000 mortes, o primeiro-ministro Boris Johnson revelou nesta segunda-feira um plano “prudente” e “progressivo” para retirar a Inglaterra do confinamento imposto no início de janeiro, após uma explosão de casos ligados à variante britânica do coronavírus.

As escolas inglesas vão reabrir no dia 8 de março, segundo o governo. Cada nação decide sua estratégia de desconfinamento. As escolas reabrirão progressivamente a partir de segunda-feira na Escócia e no País de Gales.

Na Alemanha, apesar dos temores de uma terceira onda epidêmica relacionada à variante britânica, as escolas reabrem na segunda-feira, após um fechamento de dois meses.

A chanceler alemã, Angela Merkel, notou o desejo popular de acelerar a flexibilização das restrições e disse que está disposta a considerá-lo, segundo informou à AFP um participante de uma reunião realizada pelo partido no poder nesta segunda-feira.

Na França, medidas de confinamento serão impostas nos próximos dois finais de semana em uma parte da Costa Azul (sudeste), com maior controle nos aeroportos da região e vigilância da fronteira italiana.

As variantes do vírus e os movimentos das pessoas nos fins de semana aumentam os temores na Itália.

– Paciência –

Na Índia, o Serum Institute of India, maior fabricante mundial de vacinas que produz a da AstraZeneca sob o nome de Covishield, pediu aos países que aguardam fornecimento que sejam “pacientes”, depois que o governo pediu prioridade.

A Índia quer vacinar 300 milhões de pessoas até julho, mas está atrasada com apenas 11 milhões de doses administradas.

Em seu estado mais afetado, Maharashtra (110 milhões de habitantes), que abriga a capital econômica Mumbai, novas restrições foram impostas nesta segunda-feira após um aumento das infecções.

A Austrália lançou sua campanha de vacinação hoje. Cerca de 60.000 doses estão prontas para serem injetadas esta semana a profissionais da saúde, policiais e residentes em lares de idosos.

O lançamento foi ofuscado por protestos de ativistas antivacinas em várias cidades e reações hostis dos torcedores na final masculina do Aberto de Tênis da Austrália no domingo.

As Filipinas aprovaram o uso emergencial da vacina chinesa Sinovac, a terceira aprovada no arquipélago, mas nenhuma dose foi entregue, razão pela qual o presidente Rodrigo Duterte é alvo de severas críticas. Pequim doará 600.000 doses nos próximos três a cinco dias, de acordo com as autoridades.