Os Estados Unidos pediram, nesta terça-feira, à classe política do Afeganistão que deixe de lado as diferenças causadas pelas eleições passadas e se junte a uma delegação “totalmente representativa” para negociar com os talibãs.

Em um comunicado em que elogiou Ashraf Ghani por sua reeleição, a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, afirmou que “o povo afegão quer paz”. “É hora de focar não na política eleitoral, mas em dar passos em direção à paz duradoura”, acrescentou.

Ortagus pediu aos líderes das partes no conflito que entrem em acordo quanto a um “quadro nacional de paz totalmente representativo” para as negociações com os talibãs, que devem começar em março.

O Departamento de Estado alertou especificamente sobre “os esforços para estabelecer estruturas paralelas de governo”, em uma clara referência às declarações de Abdullah Abdullah, chefe do executivo afegão e que competiu contra Ghani nas eleições.

“Movimentos como esse questionam a soberania e a unidade do país que os Estados Unidos apoiam com firmeza”, afirmou Ortagus.

A posição dos EUA contrasta com a da União Europeia, que parabenizou Ghani pela vitória através do chefe de sua diplomacia, Josep Borrell, em um telefonema.

A Índia, potência regional e principal aliada do governo afegão, também parabenizou o presidente reeleito.

No Afeganistão, uma trégua parcial entrou em vigência no sábado, após um acordo entre as forças talibãs, americanas e afegãs para reduzir a violência durante uma semana.

Se o período de trégua de quatro dias for mantido, os Estados Unidos e os talibãs deverão assinar no sábado um acordo histórico em Doha, no Catar, no qual o Pentágono retirará milhares de tropas da região após mais de 18 anos de guerra.