O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu ao Paquistão nesta segunda-feira (13) que não reconheça o novo governo afegão até que o Talibã corresponda às expectativas da comunidade internacional.

Em seu comparecimento ante o Congresso para ser sabatinado sobre a vitória do Talibã no Afeganistão, Blinken ouviu legisladores de todos os partidos, que defenderam uma linha mais dura com o Paquistão, que tem sido um parceiro incômodo de Washington durante esses 20 anos de guerra.

“Temos que insistir que todos os países, incluindo o Paquistão, atendam às expectativas que a comunidade internacional tem sobre o que é exigido de um governo liderado pelo Talibã, se quiser receber qualquer tipo de legitimidade ou apoio”, declarou Blinken à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes.

Blinken acrescentou que as prioridades incluíam garantir que o Talibã permitisse a saída das pessoas que querem deixar o Afeganistão e que respeitasse os direitos das mulheres, meninas e minorias. Também exige-se que o país não se converta novamente em “um paraíso para o terror”.

“O Paquistão deve, portanto, alinhar-se com a vasta maioria da comunidade internacional no trabalho para esses fins e na manutenção dessas expectativas”, disse Blinken.

O chefe da diplomacia americana acrescentou que as políticas do Paquistão têm sido “em muitas ocasiões prejudiciais aos nossos interesses e, outras vezes, em apoio a esses interesses”.

Isso envolve “abrigar membros do Talibã, incluindo os Haqqanis”, disse Blinken, referindo-se ao grupo designado por Washington como terrorista e que agora faz parte do governo interino do Afeganistão.

O deputado democrata Joaquín Castro, um dos vários legisladores que criticaram o Paquistão, pediu aos Estados Unidos que considerassem retirar seu status de aliado não pertencente à Otan, algo que dá a Islamabad acesso privilegiado ao armamento americano.

Os serviços de inteligência paquistaneses mantiveram laços estreitos com o Talibã desde o surgimento dos guerrilheiros islâmicos na década de 1990.

O Paquistão foi então um dos três únicos países que reconheceram o governo do Talibã de 1996 a 2001, conhecido por sua repressão aos direitos das mulheres como parte de uma interpretação ultra-rígida do Islã.

O Paquistão, um aliado dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, rapidamente se comprometeu a cooperar na “guerra ao terror” liderada pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro de 2001.